Durante a campanha da direita brasileira, impulsionada pela Rede Globo e por toda a imprensa que se diz “profissional” e “comprometida com a verdade”, pela derrubada do governo de Dilma Rousseff em 2016, muito se falou que os governos do PT teriam levado o País à falência por supostamente emprestar, sem garantias de retorno, bilhões de reais para o governo cubano. Era, como tudo dito pela direita naquela época, uma mentira.
O fato é que quem emprestou o dinheiro foi o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), uma entidade cujo papel é justamente emprestar recursos. E o BNDES, por sua vez, não emprestou dinheiro para Cuba, mas sim para uma empresa brasileira, a Companhia de Obras e Infraestrutura (COI), do grupo Odebrecht, por meio do programa de apoio à exportação de serviços de engenharia, que se dispôs a realizar as obras na ilha. Por fim, cabe destacar que, até 2018, mais de R$ 293 milhões já teriam sido quitados pelo governo cubano, de um total de aproximadamente R$ 3,1 bilhões (Dados sobre investimento do BNDES em porto cubano na gestão de Lula são tirados de contexto, O Estado de S.Paulo, 6/4/2021).
Curiosamente, não causa escândalo um fato da maior gravidade: os repasses monumentais do multibilionário George Soros a entidades com atuação no Brasil. Apenas nos anos de 2020 e 2021, Soros destinou mais de R$ 220 milhões para Organizações Não-Governamentais atuarem em nosso território (Exclusivo: em um ano, George Soros despejou R$ 107 milhões em ONGs brasileiras, Gazeta do Povo, 8/1/2023).
No primeiro caso, um país oprimido, sob a direção de um governo nacionalista moderado, se empenha para desenvolver sua indústria e a economia de um país pobre, oprimido e extremamente solidário a todos os povos do mundo. No segundo, um único homem, estrangeiro, destina um montante para que organizações como o Instituto Clima e Sociedade interfira na política de nosso País. O dinheiro do BNDES gerou empregos no Brasil e em Cuba. O dinheiro de Soros, por outro lado, não trouxe desenvolvimento algum: apenas “empregou” algumas centenas de funcionários para que atuassem contra os interesses do País.
É de conhecimento público, por exemplo, que a ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, é financiada por George Soros. E o que tem feito ela no terceiro mandato do governo Lula? Defender o interesse de magnatas do petróleo como George Soros, clamando para que o Brasil não explore o seu próprio petróleo, facilitando, assim, a vida dos grandes especuladores.
Primeiros anos
Nascido György Schwartz, em Budapeste, capital da Hungria, em 12 de agosto de 1930, George Soros é oriundo de uma rica família judia. A família de Soros é o que se costuma chamar de “judia não observante”. Isto é, que não é afiliada, nem é membro de uma sinagoga. São judeus, portanto, que não praticam a religião judaica.
A família de sua mãe, Erzsébet (Elizabeth), administrava uma loja de seda muito bem-sucedida. Seu pai, Tivadar (Teodoro), era advogado e um conhecido autor entre os defensores do Esperanto, sendo editor da revista literária Literatura Mondo.
Durante e após a Primeira Guerra Mundial, Teodoro chegou a ser prisioneiro na Rússia. Em 1936, a família de Soros mudou seu nome de “Schwartz”, de origem alemã-judaica, para “Soros”. Em húngaro, “soros” significa “próximo”; em esperanto, significa “irá decolar”.
A família sobreviveu à ocupação nazista sem maiores consequências, tendo comprado documentos que afirmavam que eram cristãos. O período da Segunda Guerra Mundial, no entanto, serviria para que os biógrafos de George Soros o apresentassem como um grande opositor do nazismo, a fim de encobrir os crimes que futuramente iria cometer. Entre o que se produziu em termos de propaganda neste sentido, está a declaração do próprio Soros de que o ano de 1944 teria sido “o mais feliz de sua vida”, pois teria testemunhado o empenho de seu pai em salvar não apenas a sua família, mas também outros judeus.
Essa versão, contudo, não é uma unanimidade. Em 2010, o produtor norte-americano Glenn Beck, em seu programa na Fox News, acusou George Soros de ser um colaborador do Holocausto (Under fire from Jewish leaders, Beck again smears Soros as Holocaust collaborator, Media matters for America, 11/11/2010). Disse Beck:
“Vou me concentrar no fato de que acho que a lição que ele aprendeu naquele ano horrível de 1944 é que, se você esconder sua verdadeira identidade, pode ganhar poder, pode sobreviver. E aqueles que são vistos como desfavorecidos ou deficientes e não escondem sua identidade, bem, eles não sobrevivem”.
Beck chegou a sugerir que Soros ajudou a “enviar os judeus” para “campos de morte” durante o Holocausto. Em outra transmissão ao vivo, Beck ainda afirmou que Soros teve “que confiscar a propriedade de seus colegas judeus”. O produtor, então, afirmou: “não estou culpando ou questionando um jovem de 14 anos ou seus pais por tentar mantê-lo vivo, tentando manter a família viva”, mas destacou que Soros “nunca disse uma vez que lamentava”.
O que é fato comprovado e confessado pelo próprio George Soros é que, no ano de 1944, ele, a partir dos documentos falsos conseguidos pelo pai, passou a se apresentar como o afilhado de um oficial do regime nazista húngaro, acompanhando ele, inclusive, em vários atos violentos contra os judeus. A confissão de Soros aparece em sua entrevista com Steve Kroft, veiculada na edição de 20 de dezembro de 1998 do programa 60 Minutes:
“Kroft: Pelo que entendi, você saiu com esse protetor seu que jurou que você era seu afilhado adotado.
Soros: Sim. Sim.
Kroft: Na verdade, saiu e ajudou na confiscação de propriedades dos judeus.
Soros: Sim. É verdade. Sim.”
Aos 17 anos, Soros mudou-se para Paris antes de se estabelecer definitivamente na Inglaterra. Lá, ele se tornou estudante na London School of Economics, onde estudou com o filósofo austríaco Karl Popper.
Sociedade aberta
Os estudos de Soros na London School of Economics e seu contato com Karl Popper seriam determinantes para que o jovem judeu estabelecesse as bases ideológicas de seus projetos futuros.
O mestre de Soros ficou conhecido principalmente pelo que chamava de “filosofia da ciência” (epistemologia), um sistema altamente especulativo que tinha como fim estabelecer que a ciência não poderia ter verdades definitivas. Algo que se opunha frontalmente ao marxismo, que estabelece o concreto (a verdade) como uma “síntese de múltiplas determinações”.
A especulação filosófica de Popper daria lugar a um sistema político, criado por ele mesmo: o conceito de “sociedades abertas”. A filósofa Bruna Frascolla, em artigo para o jornal Gazeta do Povo, ideologicamente ligado ao “liberalismo econômico” contemporâneo (isto é, ao neoliberalismo), afirma o seguinte sobre as “sociedades abertas”:
“Popper não faz nenhuma descrição detalhada de como ‘a sociedade aberta’ funciona; ele apenas dá tais critérios para determinar se uma dada sociedade é aberta ou fechada. Por conseguinte, são possíveis várias formas de sociedade, já que uma classificação presume mais de um modelo e não é uma prescrição específica” (Soros contra o mestre: antecedentes e contexto, Gazeta do Povo, 30/3/2023).
Embora se trate de um conceito muito vago, não há dúvidas de que as tais “sociedades abertas” sejam uma apologia das teorias da Escola Austríaca, o berço do “liberalismo econômico” dos dias de hoje, que nada mais é que a defesa da selvageria neoliberal disfarçada de uma defesa da “liberdade” em abstrato. Também chama a atenção que o conceito de Popper se encaixa perfeitamente com a propaganda que o imperialismo hoje faz da “defesa da democracia”.
As relações entre Popper, a Escola de Viena, Soros e o anticomunismo iriam além. Segundo ainda Bruna Frascolla:
“No seu livro, Soros defende a separação entre política e economia, mas não atribui essa ideia a Hayek. Ao mesmo tempo, acusa-o de ser o proponente do fundamentalismo de mercado. (…) Hayek, o economista, e Popper, o filósofo, eram muito amigos e se influenciaram mutuamente. Graças à influência do Nobel em economia, Popper é levado à London School of Economics para ser professor. E lá recebe Soros como aluno” (idem).
Especulador financeiro
Após seus estudos na London School, Soros tentou, sem sucesso, trabalhar como professor na universidade. Por não ter notas suficientemente altas, acabaria abandonando o plano e passaria, a partir de então, a investir em sua carreira de investidor financeiro.
Em entrevista a Alvin Shuster, ex-editor de política estrangeira do Los Angeles Times, num evento da ONG Los Angeles World Affairs Council & Town Hall (LAWACTH), assim Soros narrou o início de sua carreira como especulador: “Como alguém vai de imigrante a financista? […] Quando você percebeu que sabia como ganhar dinheiro?”. Soros respondeu: “Bem, eu tive uma variedade de empregos e acabei vendendo produtos de luxo na beira-mar, lojas de souvenirs, e eu pensei, isso realmente não é o que eu estava destinado a fazer. Então, escrevi para todos os diretores executivos de todos os bancos comerciais em Londres, recebi apenas uma ou duas respostas, e eventualmente foi assim que consegui um emprego em um banco comercial” (Consequences of the War on Terror, Los Angeles World Affairs Council & Town Hall, 20/9/2006).
Em 1954, aos 24 anos, Soros iniciou sua carreira financeira no banco comercial Singer & Friedlander de Londres. Nos anos seguintes, trabalharia em vários bancos diferentes, até conseguir, em 1969, criar o fundo Double Eagle, com 4 milhões de dólares de capital inicial, incluindo 250 mil dólares seus.
O Double Eagle era um fundo de cobertura (hedge fund), que é uma forma de investimento alternativa aos investimentos tradicionais, como a bolsa de valores, e com graus de risco variados. O fundo de cobertura é considerado um tipo de investimento bastante flexível, cujo objetivo seria limitar as variações no mercado financeiro, possibilitando, segundo seus defensores, uma taxa de lucro mais estável. Trata-se, como o próprio nome apresenta (“cobertura”), de uma tentativa de proteger o especulador, ainda que isso cause um impacto negativo no conjunto da economia mundial.
Os lucros que Soros forjou com seu fundo de cobertura permitiram que criasse, em 1970, o Soros Fund Management. Em 1973, Soros renunciou à administração do Double Eagle Fund, dedicando-se ao Soros Fund.
Naquele ano, o Double Eagle Fund já gerenciava ativos avaliados em 12 milhões de dólares, um montante muito superior ao capital investido inicialmente por Soros. O fundo também mudou de nome para Quantum Fund, em referência à física quântica. Em 2013, o fundo de cobertura iria gerar 5,5 bilhões de dólares, sendo considerado o fundo de cobertura mais lucrativo da história (Profile of an industry Legend: George Soros, William Girling, FinTech, 23/3/2021).
Em 2023, o Soros Fund Management era dono de ações em inúmeras empresas de grande porte.
O homem que quebrou a Inglaterra
A partir da década de 1980, George Soros já havia se consolidado como um dos mais poderosos especuladores financeiros do mundo. O evento pelo qual ficaria mais famoso, no entanto, aconteceu em 1992, quando, em um único dia, faturou mais de um bilhão de dólares. Esse dia, que entrou para a história como um dos eventos financeiros mais significativos do século XX, ficaria conhecido como “Quarta-feira Negra”.
Tudo aconteceu no dia 16 de setembro de 1992, quando George Soros apostou contra a libra esterlina e forçou o Banco da Inglaterra a abandonar o Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC). O MTC foi um acordo firmado por países da União Europeia em 1979, quando foi criado o Sistema Monetário Europeu. O objetivo, na época, era instituir um mecanismo de controle das taxas de câmbio das moedas daqueles países, reduzindo as flutuações, de modo a assegurar a estabilidade monetária na Europa.
O Euro, moeda comum utilizada pelos países da União Europeia, só seria implementado em 1999. Por isso, era necessário tal mecanismo. Se a moeda francesa, por exemplo, perdesse seu valor rapidamente em comparação a outras moedas, a estabilidade do sistema como um todo seria afetada. Logo, o objetivo do MTC era distribuir essas flutuações entre todas as moedas, tornando, assim, as transações mais estáveis e menos vulneráveis às apostas dos especuladores.
Na época da “Quarta-feira Negra”, o governo britânico, liderado pelo então primeiro-ministro John Major, estava comprometido em manter a libra esterlina dentro de uma banda de flutuação estreita em relação ao marco alemão, a partir dos limites já previamente estabelecidos. Soros, por sua vez, acreditava que o governo estava supervalorizando a libra esterlina para manter essa equiparação.
O especulador, então, decidiu vender grandes quantidades de libras esterlinas no mercado de câmbio – isto é, trocar a moeda britânica por moedas de outros países. A enorme quantidade de libras esterlinas vendidas por Soros provocou uma pressão de venda no mercado de câmbio. Isto é, fez com que houvesse uma maior demanda de venda da moeda britânica, desvalorizando-a rapidamente em relação ao marco alemão.
A pressão nos mercados de câmbio foi tão intensa que o governo britânico não conseguiu manter a libra dentro da faixa estabelecida. Para evitar maiores perdas, o Reino Unido foi forçado a retirar a libra esterlina do MTC. A retirada da libra do MTC resultou em uma desvalorização significativa da moeda britânica.
A saída do MTC foi motivo de comemoração para especuladores como George Soros. Afinal, com a premissa de diminuir a flutuação entre as moedas de países diferentes, o mecanismo não permitia que os bancos centrais de cada país ajustassem as taxas de juros livremente.
O Banco da Inglaterra elevou as taxas de juros para 15%, mas isso pouco impediu a queda da libra. Ao longo daquele dia, as taxas de juros foram ajustadas três vezes, eventualmente voltando a 12%. O governo britânico gastou um total de 29 bilhões de dólares naquele dia tentando desacelerar a queda de sua moeda.
Filantropo ou golpista?
De acordo com seu próprio sítio oficial (georgesoros.com), a trajetória de George Soros como filantropo teria iniciado em 1979, quando concedeu bolsas de estudo a sul-africanos negros que viviam sob o regime do apartheid. A princípio, poderia parecer um gesto humanitário de Soros, uma tentativa de resgatar pessoas que viviam sob um dos regimes mais cruéis que a humanidade já viu. No entanto, não tardaria para que Soros demonstrasse que, assim como Karl Popper e Friedrich von Hayek, era um fervoroso anticomunista, de modo que a sua “filantropia” rapidamente foi condicionada ao combate ao “comunismo”. Em seu próprio sítio, diz-se que:
“Na década de 1980, ele ajudou a promover a livre troca de ideias na Hungria comunista, financiando visitas acadêmicas ao Ocidente e apoiando grupos culturais independentes e outras iniciativas”.
Apenas por esse dado, já é possível concluir que a “filantropia” de Soros tinha claros objetivos políticos.
A biografia oficial de Soros segue afirmando que “após a queda do Muro de Berlim, ele criou a Central European University como um espaço para promover o pensamento crítico – naquela época, um conceito estranho na maioria das universidades do antigo bloco comunista. Com o fim da Guerra Fria, ele expandiu gradualmente sua filantropia para os Estados Unidos, África, América Latina e Ásia, apoiando uma vasta gama de novos esforços para criar sociedades mais responsáveis, transparentes e democráticas. (…) No início dos anos 2000, ele se tornou um defensor vocal dos esforços para legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Embora suas causas tenham evoluído ao longo do tempo, elas continuaram a se alinhar de perto com seus ideais de uma sociedade aberta”.
De acordo com o sítio do “filantropo”, George Soros já teria doado 32 bilhões de sua fortuna pessoal para financiar o trabalho das Open Society Foundations em todo o mundo. O objetivo das doações seria “apoiar indivíduos e organizações ao redor do mundo que lutam pela liberdade de expressão, por um governo responsável e por sociedades que promovem justiça e igualdade”.
A rede criada por Soros está presente em mais de cem países.
Em 2023, George Soros decidiu repassar seu império, no que está incluída a Open Society Foundations, para o seu filho mais velho, Alexander Soros.
Entrevistado pelo The Wall Street Journal, Alexander se descreveu como “mais político” do que seu pai e disse que planejava continuar doando dinheiro da família para candidatos políticos “de inclinação à esquerda” nos Estados Unidos. Ele também afirmou que ampliaria as prioridades da fundação em relação aos “objetivos liberais” de seu pai (George Soros’s son, Alexander, takes charge of $25 billion foundation network, The Washington Post, 12/6/2023).
Essa “filantropia” é um negócio no qual estão envolvidos dezenas de bilionários mundo afora. Todos eles, sem exceção, tubarões da sociedade capitalista, que construíram suas fortunas sobre a base da especulação e da exploração da mão de obra de milhões de trabalhadores. Não há como não olhar com suspeita para os gestos de “boa vontade”.
O caso de Soros, no entanto, chama ainda mais a atenção porque, dentre todos os grandes “filantropos”, é o único que faz de suas doações um investimento abertamente político. Enquanto fundações como a Bill and Melinda Gates se dedicam a múltiplos fins, como bolsas universitárias e tratamentos de saúde, em que os objetivos políticos não são tão aparentes, George Soros estabelece claramente o que quer com a sua “filantropia”: a tal “sociedade aberta”.
Diante do volume de dinheiro envolvido e a atuação em mais de cem países, é difícil que haja um golpe de Estado no qual George Soros não esteja envolvido. A Open Society se transformou em uma espécie de instituição, como hoje é a CIA, sem a qual não é possível organizar um golpe.
Por isso, a tarefa de listar todos os golpes em que Soros teve alguma participação é, provavelmente, uma missão impossível. O que é possível, no entanto, é mencionar os golpes mais importantes em que a sua participação foi comprovada: Ucrânia (2014), Macedônia (2017), Armênia (2018).
No Brasil
Em maio de 2023, O Globo anunciava que desembarcara no Brasil o britânico Mark Malloch-Brown, presidente global da Open Society Foundations e amigo próximo de seu fundador e mentor ideológico, George Soros (‘Nova fase de ativismo fará surgir novas lideranças globais’. O Globo. 14/5/2023).
Logo de cara, o artigo apresenta os “parceiros da sociedade civil apoiados pela fundação filantrópica” com quem Malloch-Brown iria se reunir. Os tais parceiros são, sem exceção, Organizações Não Governamentais (ONGs), que são não apenas “apoiadas” pela Open Society Foundations, mas financiadas.
As ONGs citadas pelo jornal são Instituto Marielle Franco, Coalizão Negra por Direitos, Redes da Maré, Conectas, Igarapé e Instituto Clima e Sociedade. Todas elas têm as mesmas características: são organizações sem relevância nacional, sem qualquer tipo de controle popular, ao contrário dos sindicatos, geridas por um grupo privado desconhecido e que, supostamente, teriam como missão amparar setores oprimidos da sociedade. À exceção do último aspecto, as ONGs são como empresas: entidades privadas, que nada dizem respeito ao Estado, nem aos interesses do conjunto da população.
A composição das ONGs já é suficiente para explicar o seu verdadeiro fim. Como seria possível que uma organização sem nenhum controle popular seja fiel aos interesses do povo? Acreditar nisso é crer em um mundo onde não há luta de classes, onde reinam as boas intenções. A história já demonstrou que não existe tal coisa: as únicas organizações que conquistaram algo efetivo para a população eram aquelas diretamente vinculadas às massas. Foi um partido revolucionário proletário que fez a Revolução Russa, a mais importante do século XX. Foi a mobilização dos sindicatos e das organizações estudantis que derrubou a ditadura militar.
Fica, portanto, a questão: a quem de fato servem as ONGs – a negros, favelados, mulheres e índios, que elas dizem defender, ou a George Soros, que paga o aluguel, a conta de luz de suas sedes e outras coisas mais, compra a imprensa para falar a seu favor e banca a campanha eleitoral de seus dirigentes?
E não é apenas a figura de George Soros que chama a atenção neste caso. O presidente global da OSF, Malloch Brown, trabalhou na gestão de Gordon Brown na época em que era primeiro-ministro. A gestão de Brown foi uma das mais direitistas do último período, a ponto de ter declarado, em 2010, que a Guerra do Iraque teria sido uma decisão “correta pelos motivos corretos”.
Em declarações reproduzidas no mesmo artigo de O Globo, Malloch-Brown fala abertamente o que pensa do Brasil: uma “democracia não alinhada com protagonismo climático”, de modo que o País precisaria de “novas lideranças globais” para realizar esse alinhamento.
Se esse é o seu objetivo, as reuniões com representantes das ONGs não podem ser entendidas de outra maneira: seu objetivo é fomentar organizações que se insurjam contra o funcionamento do País. É um crime inaceitável que, levado às últimas consequências, pode levar a um golpe de Estado, como já levou em tantos outros países.