A dominação do Facebook pela CIA, uma denúncia de Zuckerberg

Redes Sociais

Vinicius Rodrigues

O empresário que controla Facebook, Instagram e WhatsApp rachou com o Partido Democrata, apoiou Trump e expôs ao mundo a intervenção da CIA nas redes sociais

A compra do Twitter por Elon Musk em 2022 foi um marco da crise na política de censura nas redes sociais. O bloco dos monopólios de Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp), Google (YouTube, Gmail, etc.) e Twitter começou a rachar na mais política das redes. Musk, um bilionário que claramente estava em choque com o principal bloco do imperialismo, não só comprou o X como imediatamente publicou o nível de intervenção do governo norte-americano, por meio da CIA e do FBI, à rede social. Foram os Arquivos Twitter, divulgados já em 2022.

Que o governo dos EUA controla as redes sociais não é nenhuma novidade, as denúncias são muito antigas e, até certo ponto, é algo óbvio. Mas o tamanho da intervenção da CIA e do FBI ficou mais claro a partir dos Arquivos do Twitter. Além disso, o fato de um famoso bilionário estar rachando com essa política foi um fato político importante por si só. O Brasil é perfeito para demonstrar isso. A rede social mais atacada pelo Judiciário, o poder mais submisso ao imperialismo, foi o X (novo nome do Twitter), que chegou a ser bloqueado durante as eleições de 2024.

Entretanto, o caso do X não foi isolado, foi uma primeira demonstração de que a política do imperialismo de controle total das redes sociais estava em crise. A segunda das grandes a rachar com essa política foi a Meta, de Mark Zuckerberg. Ele aderiu à candidatura de Donald Trump em 2024, principalmente por Trump ser um opositor desse setor. O próprio presidente dos EUA foi uma das grandes vítimas da censura nas redes sociais, tendo a sua página no X censurada. Na eleição de 2020, a censura do escândalo do computador do filho de Biden foi crucial para a derrota eleitoral de Trump. Ele, portanto, é inimigo dessa política, pois sabe que é um de seus principais alvos. 

E com a vitória de Trump, apoiado por Zuckerberg, o empresário se sentiu confortável para participar de um dos maiores podcasts dos Estados Unidos, o Joe Rogan Experience. A entrevista aconteceu no dia 10 de janeiro de 2025 e nela Zuckerberg fez uma série de denúncias sobre a intervenção do governo dos EUA nas suas redes sociais, principalmente do governo Biden.

O empresário afirmou que a censura política se ampliou a partir de 2015. “Então, se alguém está sendo intimidado, por exemplo, nós lidamos com isso ou implementamos sistemas para combater o bullying. Se alguém disser: ‘Ei, tem alguém pirateando conteúdo protegido por direitos autorais na plataforma’, ok, vamos criar mecanismos para identificar esse tipo de conteúdo. Mas foi realmente nos últimos 10 anos que as pessoas começaram a pressionar por censura baseada em ideologia, e acho que foram dois eventos principais que desencadearam isso”, afirmou (Transcript of Mark Zuckerberg on Joe Rogan Podcast, The Singju Post).

Então ele comenta: “em 2016, houve a eleição do presidente Trump, que basicamente coincidiu com o Brexit na UE e uma espécie de fragmentação da UE. E então, em 2020, houve a COVID. E acho que esses dois eventos foram, pela primeira vez, momentos em que enfrentamos uma pressão institucional gigantesca para começar a censurar conteúdo com base ideológica” (idem).

É interessante que a censura começa sempre com a política “do bem”. Primeiro contra o bullying e contra a pirataria, mas depois avançou para a censura política. O ano de 2016 foi um ano de grande crise para o imperialismo. O Brexit, a saída da União Europeia, na Inglaterra e o fenômeno Trump, que levou a sua eleição, eram demonstrações claras de que o imperialismo perdia o controle até mesmo dos próprios países imperialistas. A nova extrema direita mundial, com sua política anti-‘globalista’ estava crescendo com uma enorme velocidade, era preciso controlar esse fenômeno. 

Um dos grandes problemas do aumento dessa extrema direita no mundo é que ela leva também a tendências de um crescimento da esquerda, um problema muito grande para o imperialismo. A polarização é um grande perigo, pois é dela que surgem os grandes movimentos dos trabalhadores. Quanto maior a polarização, maiores as chances do surgimento de um partido de esquerda combativo. Por isso toda a pressão em defesa do “centro democrático”, pois este é, na verdade, o grande representante do imperialismo. 

O comentário sobre o covid-19 também é muito revelador. Os governos imperialistas do mundo impuseram uma política ditatorial contra a população. Os chamados ‘lockdowns’, a obrigatoriedade da vacina, dentre outras medidas. Para impor a política ditatorial de forma geral, o governo Biden também ampliou a censura nas redes sociais. A ditadura e a censura sempre caminham juntas.

Zuckerberg segue: “e isso realmente atingiu o auge, eu diria, durante o governo Biden, quando eles estavam tentando implementar o programa de vacinação. Agora, de modo geral, eu sou bastante a favor da distribuição de vacinas. Acho que, no geral, as vacinas são mais positivas do que negativas. Mas acho que, enquanto tentavam promover esse programa, eles também tentaram censurar qualquer pessoa que basicamente argumentasse contra. E nos pressionaram muito para remover conteúdos que, honestamente, eram verdadeiros. Quer dizer, basicamente nos pressionaram e disseram: ‘qualquer coisa que diga que as vacinas podem ter efeitos colaterais, vocês precisam remover’. E eu pensei: ‘bem, não vamos fazer isso. Simplesmente não vamos fazer isso’. Quero dizer, isso é algo inegavelmente verdadeiro” (idem).

O interessante da declaração é como há uma comunicação direta entre o governo Biden e a Meta. A empresa parece estar subordinada diretamente ao aparato de inteligência do Estado norte-americano. O governo começa a defender a vacina da indústria farmacêutica contra o covid-19, algo muito suspeito, pois as denúncias contra a Pfizer e a Astrazeneca eram inúmeras, e quer proibir os questionamentos sobre a vacina. O próprio ato de proibir esses questionamentos já é um indicativo de que há muito a ser investigado sobre essas vacinas.

Nesse sentido, as redes sociais estão subordinadas aos grandes monopólios imperialistas que controlam o Estado norte-americano. Se é assim com a indústria farmacêutica, quem dirá com a indústria do petróleo, das armas e os bancos. Essa é a uma demonstração do porquê os sionistas têm um poder tão grande de censura, eles são os representantes desse setor poderosíssimo da economia mundial.

E então o empresário trata diretamente do direito à liberdade de expressão: “comecei sendo muito a favor da liberdade de expressão. Mas, nos últimos 10 anos, houve dois grandes episódios. O primeiro foi a eleição de Trump e suas consequências, onde, em retrospecto, sinto que confiei demais na crítica da imprensa sobre o que deveríamos fazer. E, desde então, acho que, de maneira geral, a confiança na imprensa despencou, certo? Então, não acho que estou sozinho nessa jornada. Acho que essa foi basicamente a experiência de muitas pessoas: perceber que o que está sendo escrito nem sempre é totalmente preciso. E, mesmo quando os fatos estão corretos, muitas vezes são apresentados de uma forma tendenciosa” (idem).

Aqui é preciso levantar a denúncia feita pelo governo Trump à imprensa burguesa. Após os cortes na USAID ficou claro que essa imprensa é toda também controlada e financiada pelo Estado norte-americano. Ou seja, o mesmo setor que impôs a censura sobre as redes sociais é o que controla a imprensa burguesa. E aqui aparece a grande diferença entre esses dois meios de comunicação. A imprensa burguesa detém o monopólio da comunicação, principalmente na televisão e no rádio, há mais de um século. As redes sociais, por sua vez, permitem que o cidadão comum alcance bilhões de pessoas. É por isso que a censura é tão violenta, pois a rede social potencialmente destrói esse monopólio da comunicação. 

A posição de Zuckerberg é clara. Conforme a crise imperialista cresceu, a liberdade de expressão foi ficando cada vez mais perigosa. A revolta da população mundial é cada vez maior, a imprensa burguesa tem cada vez menos credibilidade, as redes sociais tendem a expressar essa revolta da população mundial. O problema aqui não é que Mark Zuckerberg se tornou defensor da revolução, é que a censura se tornou tão pesada em sua plataforma que começou a afetar existencialmente a Meta e então ele precisou reagir. 

Crise da censura nas redes sociais

Zuckerberg comenta sobre a posição de Elon Musk: “bem, acho que há algumas questões diferentes aqui. Uma delas é que, nesse ponto, acredito que o X/Twitter fez um trabalho melhor do que nós na checagem de fatos. Nós levamos a sério as críticas sobre desinformação e implementamos um programa de verificação de fatos que basicamente deu poder a verificadores terceirizados. Eles podiam marcar algo como falso, e então o conteúdo era rebaixado no algoritmo.

Acho que o que o X/Twitter fez com as notas da comunidade é simplesmente um programa melhor. Em vez de contar com um pequeno número de verificadores de fatos, eles envolvem toda a comunidade. Normalmente, quando as pessoas discordam sobre algo, acabam chegando a um consenso sobre como votar em uma nota. Isso é um bom sinal para a comunidade de que há, de fato, um amplo consenso sobre o tema. E, em vez de apenas ocultar informações, você está mostrando mais contexto, não menos. Ou seja, o objetivo não é usar a verificação de fatos como um critério para reduzir a visibilidade do conteúdo, mas sim fornecer informações adicionais e contexto real. Acho que esse é um modelo melhor” (idem).

Em outras palavras, cai por terra um dos maiores mecanismos de censura do Meta, o combate às ‘fake news’. As notas da comunidade não censuram as publicações, apenas deixam uma notificação de que muitas pessoas denunciaram a publicação por algo, e fica a critério do usuário se ele concorda ou não com as notas. No Brasil o combate às ‘fake news’ é algo tão gigantesco que se tornou uma nova operação Lava Jato, capitaneada por Alexandre de Moraes, que teve em seu ápice a censura das redes sociais do PCO por nove meses. Também virou um projeto de lei, que não foi aprovado no Congresso, e assim se transformou em uma imposição do STF por meio do Marco Civil da Internet. 

Mas enquanto o Judiciário, a serviço do imperialismo, trava uma guerra contra a população brasileira para avançar sua política de censura em massa, a Meta abandona essa política. É uma crise enorme dentro do imperialismo. A maior rede social do mundo começa a se deslocar para uma política oposta, e assim se aproxima de Donald Trump. 

Zuckerberg, ao descrever as formas de censura, toca em outros dois pontos que remetem à política brasileira: “as duas categorias que, na minha opinião, se tornaram muito politizadas são a desinformação – porque, afinal, quem decide o que é falso e o que é verdadeiro? Você pode simplesmente não gostar da minha opinião sobre algo, e então as pessoas acham que é falso, mas essa questão é realmente complicada.

A outra categoria é o que geralmente chamam de discurso de ódio. Acho que essa preocupação também vem de um lugar legítimo, de querer combater isso, promover mais inclusão, pertencimento e garantir que as pessoas se sintam bem, criando uma sociedade pluralista onde diferentes comunidades possam coexistir e, ao mesmo tempo, incluir a todos” (idem).

A desinformação é equivalente ao combate às ‘fake news’. Já o discurso de ódio é outra frente de ataque da censura, é a política identitária. Por meio desta é possível censurar publicações que falam a verdade, mas uma verdade que seria “odiosa”. É o caso da questão palestina. Os que defendem a Palestina contra “Israel” são chamados de antissemitas, na verdade, são antissionistas. Mas a realidade não importa, o que importa é que podem ser acusados de “ódio aos judeus” e assim suas publicações são censuradas. A Meta era a mais censuradora de todas as empresas do que tange a Palestina. O X, por sua vez, é onde se encontrava a menor censura.

A entrevista não poderia deixar de abordar a intervenção do Estado norte-americano espionando os usuários. Zuckerberg comentou: “alguém pode invadir seu telefone e ver tudo o que está nele. O que a criptografia faz de realmente bom é garantir que a empresa que opera o serviço não tenha acesso aos seus dados. Então, se você usa o WhatsApp, basicamente, quando eu te envio uma mensagem, em nenhum momento os servidores da Meta veem o conteúdo dessa mensagem. A menos que, sei lá, tirássemos uma foto da tela ou compartilhássemos isso de alguma outra forma com a Meta. Mas, no geral, a criptografia exclui completamente a empresa desse processo, o que acho muito importante por vários motivos. Um deles é que as pessoas podem não confiar na empresa, mas também há questões de segurança, certo?

Por exemplo, digamos que alguém invada a Meta – algo que nos esforçamos muito para evitar e que, em 20 anos de empresa, não tivemos muitos problemas com isso. Mas, em teoria, se alguém conseguisse, essa pessoa teria acesso a todas as mensagens, caso elas não fossem criptografadas. Mas, como são criptografadas, simplesmente não há nada ali. Não dá para invadir a Meta e, a partir disso, acessar suas mensagens.

Então, agora, alguém como a NSA ou a CIA teria que, de alguma forma, hackear diretamente o seu telefone, e provavelmente há maneiras de fazer isso” (idem).

Aqui ele expõe o golpe da criptografia. As organizações de inteligência do imperialismo não podem pegar os dados criptografados por meio dos servidores da Meta, mas podem acessá-los por meio dos sistemas operacionais dos celulares e computadores, Windows, MacOX e IOS (Apple), Android, etc. Zuckerberg tenta tirar um pouco sua responsabilidade na espionagem em massa, mas o WhatsApp é um dos aplicativos mais fáceis de ser vigiado pelo imperialismo. Em resumo, a criptografia é uma farsa, e isso foi revelado há mais de 10 anos pelas denúncias de Edward Snowden. 

O trumpismo contra a censura

Um último comentário de Zuckerberg deve ser destacado. Ele cita o deputado republicano Jim Jordan: “muito do material [sobre a intervenção do Estado nas redes sociais] é público. Quero dizer, Jim Jordan liderou toda essa investigação no Congresso. Basicamente, vejo isso como o que Elon fez com os Arquivos do Twitter quando assumiu a empresa. Acho que Jim Jordan fez algo semelhante para o restante da indústria com a investigação parlamentar que conduziu. Nós simplesmente entregamos todos os documentos e tudo o que tínhamos para eles, e eles basicamente montaram esse relatório” (idem).

Jordan publicou uma série de documentos sobre a Meta, conhecidos como Arquivos do Facebook. A primeira denúncia em 2021 foi mais fraca. Tocou no ponto político, mas também mostrou outros males da empresa como a tentativa de viciar jovens e crianças na rede social. A segunda denúncia, de 2023, já adentrou a questão citada acima sobre o covid-19. Para os EUA, onde a vacina é algo muito mais polêmico, isso é um escândalo gigantesco. A partir desse momento ele começou a ser a ponta de lança do trumpismo para pressionar a Meta.

Linha do tempo dos Arquivos do Facebook, em documento do Congresso dos EUA (The Censorship-Industrial Complex: How Top Biden White House Officials Coerced Big Tech To Censor Americans, True Information, And Critics Of The Biden Administration, Interim Staff Report of the Committee on the Judiciary and the Select Subcommittee on the Weaponization of the Federal Government, U.S. House of Representatives, 1/5/2024).

Em 2023, Jordan, como presidente do Comitê Judiciário da Câmara, iniciou uma investigação da Alphabet (Google), Apple, AT&T, T-Mobile e Verizon, e ao Procurador-Geral dos EUA Merrick Garland em busca de informações sobre as tentativas do Departamento de Justiça de espionar membros do Congresso e funcionários do Congresso.

Em 19 de outubro de 2023, o Google notificou o ex-Chefe de Investigação do Comitê Judiciário do Senado, Charles Grassley, que o Departamento de Justiça havia intimado o Google em 2017 para obter os registros telefônicos pessoais e os e-mails de um assessor durante o período em que o senador Grassley realizava uma fiscalização rigorosa sobre o tratamento do Departamento em relação ao chamado dossiê Steele.

A notificação do Google a esse assessor revelou que o Departamento de Justiça provavelmente também buscou os registros pessoais e as comunicações de outros assessores do Congresso – tanto republicanos quanto democratas – que participaram da fiscalização do Departamento durante o mesmo período. Vale lembrar que o DdJ participou diretamente de toda a operação Lava Jato no Brasil, que aplicou os mesmos métodos em parlamentares do País. Ou seja, em 2023 Jim Jordan já investigava as relações do Estado norte-americano com a censura e espionagem nas redes sociais.

Jordan também lançou uma investigação sobre um grupo de monitoramento de “desinformação”, que ele afirma ter se envolvido em censura nas redes sociais a serviço do governo Biden. O Center for Countering Digital Hate (Centro de Combate ao Ódio Digital), uma ONG britânica e norte-americana, foi acusada em uma ação judicial do X de fazer alegações “falsas” depois de afirmar que o discurso de ódio aumentou na plataforma desde a aquisição de Elon Musk em outubro. Jordan exigiu que o centro entregasse documentos sobre a censura.

Sabemos pelos Arquivos do Facebook que o Center for Countering Digital Hate estava trabalhando com a Casa Branca para censurar discursos“, disse um assessor ligado a Jordan. E completou “mas até onde isso foi? Os republicanos querem descobrir, e, claro, intimações estão sobre a mesa se não obtivermos respostas” (Jim Jordan launches ‘misinformation’ investigation to uncover Biden ‘censorship’ scheme, House Judiciary Committee Republicans, 3/8/2023). Essa e muitas outras ONGs são organizações auxiliares na campanha de censura. Elas são as tais “fact-checkers” (checadoras de fatos) e também as organizações que definem o que é “discurso de ódio”. E por isso estão na mira dos trumpistas, que estão defendendo a sua liberdade de expressão.

É interessante também que Jordan se chocou com a censura no Brasil no caso Alexandre de Moraes. Foi ele quem divulgou em abril de 2024 um relatório com decisões sigilosas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, envolvendo o X e outras redes sociais. O relatório afirma que “os ataques à liberdade de expressão no estrangeiro servem de alerta para os EUA. Desde o seu compromisso público com a liberdade de expressão, Elon Musk tem enfrentado críticas e ataques de governos de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos”.

A verdade é que a disputa pela censura nas redes sociais teve no Brasil um dos maiores campos de batalha. Aqui o Judiciário seguiu a linha mais agressiva, chegando a prender deputados por seus comentários. Há casos de figuras exiladas nos EUA como Allan dos Santos e Monark (Bruno Aiub) por comentários feitos nas redes sociais. Nesse sentido, o bloco contra o controle total das redes sociais também decidiu agir no Brasil. Elon Musk e os deputados trumpistas fizeram as denúncias que enfraqueceram muito a posição de Alexandre de Moraes. 

Apesar da vitória de Trump e o novo posicionamento de Zuckerberg, a batalha pelas redes sociais está longe de acabar. As redes sociais são um dos pontos onde há uma crise dentro do próprio bloco imperialista. Os outros grandes focos dessa divisão são a guerra da Ucrânia e as guerras do imperialismo em geral. Mas essa crise ainda será um foco de grandes lutas e, no caso do Brasil, o País parece ser um dos grandes alvos do imperialismo na questão das redes sociais.

É preciso lembrar que o Brasil foi o maior alvo de espionagem do mundo, depois dos próprios EUA, já na época de Edward Snowden. Essa espionagem foi crucial para orquestrar o golpe de Estado de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff. Agora, Alexandre de Moraes é uma espécie de liderança mundial da censura das redes. E isso são as duas políticas da burguesia mundial, a crise pode levar à criação de outras alternativas, vindas dos oprimidos. 

Valentin Makarov, presidente da empresa de software russa, Russoft, afirmou em 2024: “acredito que, dentro do próximo ano ou dois, veremos o surgimento de tais plataformas em vários países do BRICS. Não apenas a Rússia, mas também a Índia, o Brasil e a China têm a capacidade tecnológica de criar essas redes. Exemplos iniciais de colaboração, como com a Índia, demonstram que encontramos um modelo mútuo de cooperação que beneficia ambos os lados, onde cada parte mantém sua independência enquanto promove coletivamente a independência dos países do BRICS” (Can BRICS Launch Its Own Social Media Platform?, Sputnik India X).

Esse comentário do empresário russo é crucial para compreender a crise. Conforme os povos do mundo se levantam contra seus opressores, as redes sociais se tornam cada vez menos atraentes. O X nesse sentido já liberou mais a luta política, pois a tendência mundial é debater cada vez mais. Mas se a censura continuar e a tendência à luta crescer, a migração em massa dos usuários é inevitável. E nesse momento, caso os BRICS já tenham a sua própria rede, é possível que finalmente os monopólios imperialistas percam o seu poder. Essa seria uma vitória gigantesca dos oprimidos do mundo, não só contra os empresários das redes sociais, mas contra todo o imperialismo.

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