“Nem inteligência, nem artificial”
Em recente entrevista à Carta Capital, o neurocientista Miguel Nicolelis chegou a chamar o intenso desenvolvimento da chamada “inteligência artificial” de “maior delírio coletivo da história da humanidade”. Um ponto muito interessante da abordagem de Nicolelis é a desconstrução do próprio conceito de inteligência artificial que é veiculada. Ele destaca que essas ferramentas não podem nem ser chamadas de inteligência e nem de artificiais:
“Ela não é nem inteligente, nem artificial.
Porque a inteligência é uma propriedade emergente dos organismos. Ela não é computável. Você não consegue computar, você não consegue criar uma fórmula, um algoritmo que defina a sua, a minha, nem de nenhum organismo. Porque (para) a inteligência, cuja definição ninguém concorda, não existe uma definição aceita unanimemente. Então é muito curioso, que uma área tente vender um produto que eles não sabem como definir. Eles alegam que vão construir inteligências artificiais, mas eles não conseguem definir o que é a inteligência, né? Essa é uma propriedade que o processo de seleção natural gerou na tentativa de aumentar as nossas chances de sobrevivência num mundo em fluxo, cercado de organismos que querem predar você, né? Então essa é a definição mais aceita da inteligência. E pra maioria de nós, acho que a vasta maioria dos neurocientistas, ela é um fenômeno não computável, que foi o (Alan) Turing que descreveu fenômenos para os quais você não consegue escrever uma fórmula ou nem um algoritmo que preveja a ocorrência ou o desenrolar dinâmico dessa propriedade.
E ela não é artificial porque ela depende de milhões de pessoas, seres humanos, trabalhando tanto na gênese dos programas, no treinamento dos programas e na validação, que é o que todo mundo faz quando usa o chat GPT hoje, é trabalhar de graça para Open AI, porque como você deve saber bem, esses sistemas erram muito frequentemente, eles alucinam. E como é que eles tentam melhorar a performance? Eles distribuem gratuitamente para que milhões de pessoas usem esses sistemas e retreinem”.
Nicolelis cita exemplos de uso desenfreado dessa tecnologia nos Estados Unidos, como em hospitais e na polícia, com resultados trágicos para a população. E aponta que o exagero a respeito da capacidade das ferramentas atuais levou a uma valorização financeira incompatível com a realidade material:
“Então, houve uma hiper, o hype que a gente diz, né? Ordens de magnitude fora da realidade do que essas ferramentas são capazes de fazer. E com isso, qual é o objetivo desse hype? É aumentar o valuation, o valor da sua empresa no mercado de ações ou para acionistas ou para venture capitalist, né, que acharam que eles iam jogar bilhões, mais de 1 trilhão e meio de dólares atualmente e que iam ter um retorno de investimento nunca antes visto na história. Ocorre que no ano passado o lucro ou, perdão, a receita total da área foi 20 bilhões de dólares para um investimento anual de mais de 350 bilhões e um investimento total de mais de 1 trilhão. Isso nós estamos falando de 50 vezes o retorno financeiro a menos do que o investimento feito em data centers. E o que começou a acontecer? Comunidades no Texas, no Arizona, Indianópolis, mesmo em estados que votam republicano o tempo inteiro, o meio-oeste americano, começaram a bloquear projetos de data centers, porque começaram a ver que eles tinham que pagar a conta de luz para esses troços funcionarem. A água do lugar começou a sumir, os empregos locais começaram a assumir, a internet não melhorou, não houve nenhum ganho, não houve nenhuma transferência de tecnologia, tá? Isso é um absurdo. Os caras, quando você monta um data center, cinco ou seis caras rodam o troço e eles não dão tecnologia nenhuma pro país para onde eles vão. Então o que tá acontecendo, hoje, o mercado de ações de Nova York vale mais do que o PIB americano. Nunca aconteceu um troço absurdo desse. Como você falou, o preço das ações hoje, os múltiplos, né, comparado com a receita versus o preço da ação na bolsa é recorde histórico, principalmente dessas sete empresas que são as líderes, né, de IA lá. Nós estamos falando de um delta que é maior do que a crise de 29, maior do que quando eu tinha chegado nos Estados Unidos, a crise de 87 que pensaram que ia acabar o país, né? Eu cheguei em 89, uma baita de uma recessão. A crise 2008. E acredita-se que se essa bolha e ela vai (…) explodir. Só que quando ela explodir, ela vai levar a economia real americana (…). Tanto é que o CEO da OpenAI, Sam Altman, que é um dos maiores sociopatas lá, a semana passada começou a soltar a narrativa que talvez o governo americano tenha que salvar essas empresas com dinheiro público. Só que não tem como. Nós estamos falando de trilhões. Os Estados Unidos não vai conseguir imprimir trilhão. Conseguir, ele vai, só que o efeito inflacionário disso vai ser assustador. A dívida americana já explodiu, né? Então, nós estamos diante do maior delírio coletivo, provavelmente da história da humanidade, tá? Então, seis ou sete caras convenceram milhões de pessoas a investir tudo que elas têm, inclusive os caras que vivem de investir dinheiro, os venture capitalist, e empresas que não têm a menor chance de dar lucro, pelo menos na próxima década. E uma hora a casa cai”.
Os limites técnicos da “Inteligência Artificial”
Um ponto importante na discussão sobre o mercado em torno da inteligência artificial (IA) é desmistificar a suposta falta de limites para o seu desenvolvimento. O rápido crescimento desse mercado nos últimos anos deu margem tanto a teorias que colocavam a IA quase como uma solução mágica para um desenvolvimento tecnológico ilimitado, quanto teorias alarmistas que exageram as possibilidades de autonomia das IAs, inspiradas em filmes como “Exterminador do Futuro” ou “Matrix”. Em artigo publicado em seu blog no site Substack, o psicólogo e cientista cognitivo Gary Marcus traz uma discussão sobre os limites da IA.
Sob o mote da crítica ao slogan “Escala é tudo que você precisa”, Marcus aponta que teve sua carreira em risco quando lançou uma campanha há mais de três anos alertando que o simples aumento na escala, ou seja, mais e maiores centros de processamento de dados, seria incapaz de criar o que se chama de Inteligência Artificial Geral. Essa IA hipotética seria capaz de reproduzir a inteligência humana, no sentido de conseguir aprender, compreender e aplicar o conhecimento em quaisquer tarefas intelectuais. Uma realidade distante do modelo atual, também conhecido como IA estreita, onde os computadores são programados para resolver problemas específicos. Marcus descreve então como vários entusiastas da tese que contrariou anos atrás estão se dando conta recentemente da correção das suas críticas.
Marcus traz relatos da última Conferência e Workshop sobre Sistemas de Processamento de Informação Neural (NeurIPS na sigla em inglês), mostrando que figuras importantes do mercado de IA já reconhecem a inviabilidade desse desenvolvimento a partir do aumento progressivo da escala de processamento dos dados. Entre eles, David Luan, chefe da unidade de pesquisa em IA da Amazon,que afirmou: “Vou garantir que o modo como estamos treinando modelos hoje não vai durar”. Ele cita notícia sobre fala do cientista da computação Richard Sutton:
“Numa palestra muito comentada na conferência, o professor Richard Sutton da Universidade de Alberta, comumente referenciado como o pai do aprendizado por reforço, também disse que os modelos deveriam ser capazes de aprender por experiência própria e que os pesquisadores não deveriam tentar melhorar o aprendizado em diversas áreas por esses modelos apenas treinando eles com grandes quantidades de dados especializados que foram criados por especialistas humanos, porque esse tipo de abordagem não escala, ou seja, não leva a ganhos de longo prazo”.
Marcus relata que estudos conduzidos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT na sigla em inglês) e pelas empresas de consultoria McKinsey & Company e Boston Consulting Group (BCG), que apontam que a maioria absoluta das empresas estão percebendo uma série de problemas no uso desenfreado de IA. Ele cita texto de Josh Anderson, publicado também no site Substack, onde o autor descreve o caminho trilhado por empresas que entraram de cabeça no uso de IA:
“O Padrão Que Toda Iniciativa Que Falhou Segue
A empresa fica entusiasmada com a IA. Liderança determina a adoção da IA. Todos começam a usar ferramentas de IA. As métricas de produtividade parecem ótimas inicialmente. Então algo quebra, ou precisa de modificação, ou requer julgamento real, e ninguém sabe mais o que fazer.
Os desenvolvedores não podem depurar o código que não escreveram. Os gerentes de produto não podem explicar as decisões que não tomaram. Os líderes não podem defender estratégias que não desenvolveram.
Todo mundo está apontando para suas ferramentas de IA dizendo: “Ela me disse que essa era a abordagem certa”.
Durante o meu experimento, eu me encontrei em constante modo de combate a incêndios. Claude Code (ferramenta de IA) gerava algo, estava um pouco fora do que eu precisava, eu corrigia, cometia o mesmo erro novamente, eu corrigia novamente. Eu estava trabalhando mais do que se eu tivesse apenas escrito o código, mas sem aprendizado ou desenvolvimento de habilidades.
Bob Galen me assistiu passar por isso e chamou perfeitamente em nosso último podcast: “Quem é o dono desse produto, Josh? Você ou o Código Claude?” A resposta foi Claude Code. Eu abdiquei da propriedade enquanto dizia a mim mesmo que estava sendo inovador”.
Saída de Yann LeCun do setor de IA da Meta
No começo de dezembro, o cientista-chefe de IA na Meta, empresa que administra aplicativos como Facebook e WhatsApp, anunciou sua saída da empresa criada por Mark Zuckerberg para lançar sua própria startup. Interessado no desenvolvimento de uma nova geração de modelos de IA, disse em seu anúncio que “O Vale do Silício está completamente hipnotizado pelo modelos atuais de IA generativa, para realizar este tipo de pesquisa inovadora é preciso sair do vale, ir para Paris”. Matéria publicada no Le Monde traz declarações de LeCunn a respeito dos atuais “grandes modelos de linguagem” (LLMs na sigla em inglês):
“Embora LeCun tenha dito na quinta-feira que eles eram “muito úteis”, ele chamou de “besteira” a ideia de que “ampliá-los de acordo com certas leis levará a uma inteligência de nível humano (…)”.
“Os LLMs podem dar conselhos jurídicos ou escrever código de computador”, mas “ainda não temos um robô capaz de fazer o que uma criança de cinco anos consegue”, ou seja, aprender uma tarefa rapidamente observando o mundo físico. “Eles carecem de um modelo mental, intuição geral e interações”, disse LeCun, que passou cinco anos trabalhando no JEPA, uma arquitetura projetada para permitir que a IA aprenda com vídeos. Várias outras startups também estão conduzindo pesquisas sobre esses “modelos do mundo”, incluindo a General Intuition, que se concentra em interações derivadas de videogames“.
O problema do “investimento circular” no mercado de IA
Em outubro, o site de notícias Bloomberg publicou matéria intitulada “OpenAI e Nvidia impulsionam o mercado de IA de US$ 1 trilhão com uma rede de acordos circulares”. Assinada por Emily Forgash e Agnee Ghosh, a matéria traz como mote um acordo recente entre a projetora de chips Nvidia e a criadora do ChatGPT, OpenAI, avaliado em 100 bilhões de dólares. O acordo envolveria o financiamento que poderia chegar até esses 100 bilhões de dólares, por parte da Nvidia, para a construção de um data center “gigantesco” para a OpenAI, com capacidade de pelo menos 10 gigawatts de energia. De acordo com outra matéria publicada no site, esta assinada por Ian King, esse valor “equivale ao pico de demanda de eletricidade da cidade de Nova Iorque”. Por sua vez, a OpenAI teria que equipar o data center com uma quantidade também gigantesca de chips da Nvidia. Ou seja, um investimento retroativo, a Nvidia paga para ter seus chips comprados.

Gráfico da Bloomberg sobre acordos circulares do setor de IA.
A matéria destaca ainda que a OpenAI também fechou um grande acordo com uma importante concorrente da Nvidia, a Advanced Micro Devices (AMD). Apesar de não mirar na casa das centenas de bilhões de dólares, o acordo que também prevê a construção de data center gira na casa das dezenas de bilhões. A expectativa da AMD é justamente aumentar exponencialmente suas vendas graças ao acordo com a OpenAI. A reportagem aponta uma alta de 24% no valor das ações da AMD logo após o anúncio do acordo, o que posicionou a empresa à frente de gigantes como a Coca Cola, a General Electric e a Chevron. Esse é um aspecto da chamada “bolha de IA”, a valorização abstrata de ações dessas empresas, em níveis altíssimos. Citando o analista financeiro Stacy Rasgon sobre o CEO da OpenAI, a matéria traz o cenário de incertezas que paira nesse mercado:
“A AMD, assim como outras empresas ligadas à construção da infraestrutura de IA, agora depende da concretização dos grandes planos da OpenAI, disse Rasgon. Há muito tempo, Altman tem o poder de quebrar a economia ou de “nos levar à terra prometida”, disseram os analistas. “No momento, não sabemos qual dos dois caminhos está reservado””.
Em novembro, Seth Fiegerman e Carmen Reinicke escreveram na Bloomberg sobre “Por que crescem os temores de uma bolha de inteligência artificial de trilhões de dólares?”. Nele, citam esses acordos, além de outros, que chamam a atenção tanto por esse modelo “circular” quanto pelos valores astronômicos envolvidos:
“Quando Sam Altman , CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT, anunciou um plano de infraestrutura de IA de US$ 500 bilhões, conhecido como Stargate, ao lado de outros executivos na Casa Branca em janeiro, o valor causou certa incredulidade. Desde então, outras empresas de tecnologia concorrentes aumentaram seus investimentos, incluindo Mark Zuckerberg , da Meta , que prometeu investir centenas de bilhões em data centers. Para não ficar atrás, Altman afirmou que a OpenAI já havia se comprometido a investir US$ 1,4 trilhão em infraestrutura de IA.
Para financiar esses projetos, as principais startups de IA, incluindo OpenAI, Anthropic e xAI de Elon Musk, estão recorrendo a acordos de financiamento que têm sido criticados por sua natureza circular. Em setembro, a fabricante de chips Nvidia Corp. anunciou um acordo para investir até US$ 100 bilhões na expansão dos data centers da OpenAI, um negócio que levou alguns analistas a questionarem se a empresa estaria tentando sustentar seus clientes para que continuassem gastando em seus próprios produtos.
Dois meses depois, a Nvidia e a Microsoft Corp. anunciaram que investiriam até US $ 15 bilhões na Anthropic. A desenvolvedora do chatbot Claude pretende acessar bilhões de dólares em chips e capacidade de computação em nuvem das gigantes da tecnologia. A xAI, por sua vez, também está em negociações para captar bilhões de dólares de investidores, incluindo a Nvidia, com planos de usar parte desse financiamento para adquirir chips da Nvidia”.
A produção de chips em Taiuã
Por trás desse mercado virtual, existe um processo industrial fundamental. E ele não é desenvolvido majoritariamente em países imperialistas. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) é a maior fábrica de semicondutores do mundo. Um dos motivos para o avanço do cerco imperialista à China, já que Taiuã (ou Formosa, como batizada pelos portugueses em 1544) é parte do território chinês. Para aqueles que classificam a China como um país imperialista, como explicar que esse país não tem poder para controlar totalmente o próprio território? A questão da produção dos semicondutores é tão importante que a saída de um engenheiro da TSMC para a norte-americana Intel está sendo tratada como um problema de soberania nacional por Taiuã.
Reportagem publicada no New York Times aponta que Wei-Jen Lo trabalhou por 21 anos na TSMC até que debandou para a concorrente. O texto assinado por Meaghan Tobin e Xinyun Wu destaca que a troca de empresa aconteceu justo quando o governo Donald Trump investe 8,9 bilhões de dólares para levantar a Intel. Foram realizadas buscas nas casas do engenheiro em duas cidades diferentes, apreendendo computadores e pendrives. O governo da ilha invocou a Lei de Segurança Nacional, que a partir de 2022 passou a abranger a proteção de segredos industriais. A matéria cita declaração dos promotores do caso a respeito da importância econômica da TSMC:
“As tecnologias de semicondutores “são a espinha dorsal da indústria do nosso país”, disseram os promotores, acrescentando que o roubo dessas tecnologias ameaça a competitividade internacional das empresas de chips de Taiuã”.
De certa forma, uma novidade. Já que, como aliado do imperialismo norte-americano, Taiuã tinha como prática a restrição do fluxo de engenheiros para a China. Como relatado em outra matéria no New York Times, o governo taiuandês já faz marcação cerrada à anos em relação à migração profissional para empresas chinesas:
“Para os engenheiros taiwaneses, aceitar um emprego em uma empresa chinesa sempre foi arriscado, disse Syaru Shirley Lin, economista taiwanesa e ex-sócia do Goldman Sachs especializada no setor de tecnologia. “As pessoas perguntavam: ‘Você foi para lá?'”, contou. “Em breve, será como ir para a União Soviética durante a Guerra Fria””.
Ainda no New York Times, mas já no final de 2022, texto assinado por Jane Perlez, Amy Chang Chien e John Liu fala sobre uma onda de retornos de engenheiros da indústria de semicondutores, da China para Taiuã. No subtítulo, os autores já falam numa “iminente Guerra Fria na área da tenologia”:
“Os semicondutores são agora ativos estratégicos vitais na acirrada rivalidade geopolítica entre os Estados Unidos e a China. Enquanto Washington tenta restringir a capacidade da China de produzir chips avançados, Taiwan, o maior produtor mundial de semicondutores de ponta, encontra-se no centro do que alguns chamam de versão do século XXI da corrida armamentista”.
Em agosto do mesmo ano e no mesmo jornal, Paul Mozur, John Liu e Raymond Zhong também discutiam essa relação entre os chips produzidos em Taiuã e a indústria bélica:
“Empresas de tecnologia de ambos os lados do Pacífico agora dependem fortemente da TSMC para fabricar os chips de alto desempenho que renderizam gráficos em videogames e dão inteligência aos smartphones, mas que também guiam mísseis e analisam oceanos de dados militares. Isso transformou a TSMC, cujo nome é desconhecido para a maioria dos consumidores, em um ativo estratégico vital tanto para Washington quanto para Pequim”.
Chips modernos “Made in USA”
Na sua preparação para a possível guerra contra a China, os Estados Unidos já conseguiram forçar a TSMC a abrir fábricas no seu território. Em abril deste ano, o site Arizona Family noticiou que a TSMC Arizona havia iniciado a construção de sua terceira fábrica no estado norte-americano. A matéria reproduz anúncio da empresa, que fala na criação de seis mil empregos e fabricação de chips de alta tecnologia a partir do final desta década. Aqui vale aproveitar para destacar essa janela de tempo diante da possibilidade da bolha de IA estourar. São investimentos astronômicos para obter retorno depois de vários anos. Se algo der errado no caminho, a ressaca tende a ser violenta.
Vale também lembrar que esse cenário de atração de indústrias de alta tecnologia para os Estados Unidos não começou no governo Trump, que defende esse tipo de política para diversos setores, mas no governo Joe Biden. A matéria citada relembra que o anúncio da construção da primeira fábrica da TSMC no país foi feita ainda em 2021. Em julho de 2022, a Câmara dos Representantes do país aprovou um pacote de nada menos do que 280 bilhões de dólares para “impulsionar a indústria de semicondutores e a pesquisa científica”. Matéria da época, publicada no site da Associated Press traz declaração de deputado republicano reforçando a perspectiva do imperialismo sobre esse problema:
“O deputado Michael McCaul, principal republicano na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, afirmou que era crucial proteger a capacidade de produção de semicondutores nos EUA e que o país dependia demais de Taiuã para os chips mais avançados. Isso poderia representar uma grande vulnerabilidade caso a China tentasse tomar o controle da ilha autônoma que Pequim considera uma província separatista”.
Assim funciona a tal “livre mercado” que os apologistas do capitalismo gostam de evocar. As empresas devem competir entre si, mas qualquer problema o Tio Sam entra com centenas de bilhões de dólares do orçamento governamental para deixar essa disputa mais ao seu gosto. A matéria conclui abordando o caráter anti-China do projeto e sua repercussão nesse país:
“Mas, como McCaul salientou, a China opôs-se à medida e trabalhou contra ela. O projeto de lei inclui uma disposição que proíbe qualquer empresa de semicondutores que receba ajuda financeira através do projeto de apoiar a fabricação de chips avançados na China.
Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, comentando antes da votação na Câmara, disse que os EUA “não devem criar obstáculos para a ciência, a tecnologia e os intercâmbios e a cooperação normais entre os povos” e “muito menos devem retirar ou prejudicar os direitos legítimos da China ao desenvolvimento””.
Chips modernos “Made in USA” parte 2
Mas apenas atrair a maior empresa do setor de semicondutores não era o bastante para um mercado que movimenta, pelo menos na especulação financeira, trilhões de dólares. A norte-americana Intel também está posicionada nesse mercado e passou a ter maior importância estratégica para os Estados Unidos. Numa continuação das práticas desse “livre mercado” deformado, foi anunciado em agosto que o governo dos Estados Unidos comprariam 10% das ações da empresa. Um investimento de aproximadamente 10 bilhões de dólares, com recursos vindos da Lei CHIPS e Ciência aprovada em 2022. Matéria da BBC assinada por Lily Jamali traz declaração do CEO da Intel, o malasiano com cidadania norte-americana Lip-Bu Tan:
“Como a única empresa de semicondutores que realiza pesquisa e desenvolvimento de lógica de ponta e fabricação nos EUA, a Intel está profundamente comprometida em garantir que as tecnologias mais avançadas do mundo sejam fabricadas nos Estados Unidos”, disse o Sr. Tan em um comunicado”.
Em setembro foi a vez da Nvidia anunciar que investiria cinco bilhões em ações da Intel, correspondendo a cerca de 4% da empresa. Citando o analista de IA Gadjo Sevilla, matéria da Reuters assinada por Stephen Nellis, Max A. Cherney, Jeffrey Dastin e Karen Freifeld aponta que essa sequência de acordos reposiciona a Intel no mercado de IA, passando de uma empresa retardatária para uma posição de protagonismo: “Isso representa uma mudança radical para a Intel e, efetivamente, redefine sua posição de retardatária em IA para uma peça fundamental na futura infraestrutura de IA”. A relação entre as duas empresas norte-americanas pode inclusive caminhar para uma parceria no sentido de secundarizar no futuro a participação da TSMC no mercado, como analisado na mesma matéria:
“Nos termos do acordo, a Intel projetará processadores centrais personalizados para data centers que a Nvidia planeja integrar aos seus chips de IA, conhecidos como GPUs. Uma tecnologia proprietária da Nvidia permitirá que os chips da Intel e da Nvidia se comuniquem em velocidades mais altas do que antes.
Conexões de alta velocidade são um diferencial fundamental no mercado de IA, pois muitos chips precisam ser interligados para funcionar como um único dispositivo e processar grandes volumes de dados. Atualmente, os servidores de IA mais vendidos da Nvidia, com essas conexões, estão disponíveis apenas com chips da própria Nvidia; este acordo colocaria a Intel em pé de igualdade, dando-lhe a oportunidade de lucrar com cada servidor da Nvidia”.
Uma das principais iniciativas recentes da Intel foi o investimento de mais de 20 bilhões de dólares em uma fábrica de quatro andares. Assim como as fábricas da TSMC, também no estado do Arizona. A edificação, chamada Fab 52, pretende reinserir a Intel na fabricação de semicondutores de última geração. Matéria do New York Times assinada por Tripp Mickle em outubro destaca a importância dessa guinada na história da empresa que vivia uma fase de decadência:
“O foco nas novas instalações ressalta a importância crucial deste momento para o futuro da Intel. Outrora um exemplo de sucesso do Vale do Silício, a empresa ficou para trás da concorrência como fabricante e projetista de chips. A Intel foi ultrapassada pela Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) após não conseguir implementar a tecnologia da ASML. E deixou de ser fornecedora de laptops da Apple depois que seus chips apresentaram problemas com a duração da bateria e o desempenho”.
A Fab 52 estaria preparada para usar a tecnologia da ASML (Litografia de Materiais Semicondutores Avançados, na sigla em inglês), empresa holandesa que lidera o mercado de fornecimento de sistemas de litografia para a indústria de semicondutores. A matéria ainda expõe o ceticismo dos clientes da empresa diante de uma taxa de erros muito alta:
“O sucesso da Intel está longe de ser garantido. No final do ano passado, a empresa informou a alguns clientes que seu processo de fabricação 18a estava ficando para trás em relação aos concorrentes. Na época, a TSMC produzia 30% de seus chips de ponta, conhecidos como chips de 2 nanômetros, sem defeitos, enquanto o processo da Intel produzia menos de 10% de seus chips 18a sem falhas.
No evento de dois dias realizado no mês passado, os executivos da Intel se recusaram a comentar sobre a porcentagem de chips produzidos sem defeitos na fábrica 52. O número de chips com defeito só ficará claro quando a empresa divulgar seus relatórios financeiros no próximo ano, afirmam analistas”.
Peter S. Goodman assina outra matéria publicada pelo New York Times neste mês onde aponta uma série de obstáculos para a implementação de fábricas de chips nos Estados Unidos. Ele relata que o Deserto de Sonora, que se extende dos estados da Califórnia e Arizona até o noroeste do México, já tem sido chamado de Deserto do Silício diante de tantos projetos de fábricas de chips para a região. Goodman destaca o fato de que a iniciativa depende fundamentalmente de tecnologia e experiência profissional de países do leste asiático, em contraste com a perspectiva mais tradicional de um polo industrial norte-americano:
“Mas a empresa no centro deste empreendimento — considerada vital para a segurança nacional — não é americana. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, ou TSMC, líder global do setor, reuniu o investimento, as pessoas e o conhecimento técnico para transformar esses planos em realidade.
Dezenas de outras empresas, algumas americanas, mas muitas do Leste Asiático, instalaram suas próprias fábricas locais para fornecer à TSMC tudo o que ela precisa, desde produtos químicos e componentes até serviços de construção e engenharia. Juntas, elas investiram mais US$ 40 bilhões na economia local.
Esta é a verdade inescapável por trás da transformação de Phoenix em um polo de produção de chips: isso jamais teria acontecido sem a expertise e o investimento vindos do outro lado do Pacífico. A última grande fábrica de chips nos Estados Unidos entrou em operação em 2013. Portanto, o país não possui a experiência necessária para construir uma sem ajuda considerável”.
A matéria ressalta ainda que essas empresas se desenvolveram fora do labirinto burocrático dos Estados Unidos. E, além disso, enfrentam a dificuldade em conseguir mão de obra especializada e com maiores custos em relação ao leste asiático. O autor cita declaração de três anos atrás, feita pelo fundador da TSMC, Morris Chang, que afirmou sobre a construção de fábricas da empresa nos Estados Unidos: “Será um exercício de futilidade muito caro. Não será competitivo no mercado mundial”. Citando o diretor executivo da TSMC, Che-Chia Wei, a matéria reforça as dificuldades: “Cada etapa exige uma licença e, depois que a licença é aprovada, o processo leva pelo menos o dobro do tempo em comparação com Taiwan”.
O bloqueio tecnológico contra o desenvolvimento chinês
Em mais um capítulo da farsa do “livre mercado”, o jornal holandês Nieuwsuur publicou neste mês uma investigação sobre as exportações da ASML para a China. Assinada por Mitchell van de Klundert e Mark Schrader, a matéria aborda as relações comerciais da empresa holandesa que ocupa papel fundamental nesse mercado de chips de alta performance. A investigação alerta para o fato de que a ASML tem clientes na China ligados a setores da indústria militar do país, incluindo cibersegurança. Os cinco clientes citados na matéria são GTA Semicondutor, 24º Instituto de Pesquisa CETC, Si En, Corporação de Fabricação de Semicondutores de Pequim e Academia Internacional de Física Quântica de Shenzhen.
Segundo pesquisa dos autores no site da WireScreen, todos os cinco teriam afiliação com a indústria de defesa chinesa, ampliando a caracterização como “militar” para qualquer empresa que conste em listas de sanções econômicas dos Estados Unidos. A WireScreen se apresenta como “uma plataforma de inteligência de negócios criada para mapear e decodificar as redes de negócios globais da China”, que reúne um enorme conjunto de dados sobre milhões de empresas e que “usando esses registros, revelamos propriedades, afiliações e riscos ocultos que outros não detectam — permitindo que nossos clientes tomem decisões confiantes e bem fundamentadas em ambientes complexos e de alto risco”. Ou seja, uma ferramenta acessória para as sanções imperialistas contra o “livre mercado”. O caso teve grande repercussão nos Países Baixos, com o Ministério das Relações Exteriores tendo que se pronunciar sobre o assunto.
A tecnologia de litografia Ultravioleta Extrema (EUV na sigla em inglês) é o que existe de mais avançado nesse mercado atualmente e é exclusividade da ASML. A exportação de máquinas com essa tecnologia foram proibidas pelos Estados Unidos. Como divulgado no site da empresa, citando a Lei de Moore sobre a tendência de evolução da indústria de microchips e processadores e a tecnologia de litografia Ultravioleta Profunda (DUV na sigla em inglês):
“A litografia EUV é importante porque torna a miniaturização mais acessível para os fabricantes de chips e permite que a indústria de semicondutores continue a buscar a Lei de Moore. Os sistemas EUV são usados para imprimir as camadas mais complexas de um chip, enquanto as demais camadas são impressas usando diversos sistemas DUV. Ambas as tecnologias serão necessárias em paralelo por muitos anos e continuamos a desenvolver ambas”.
E o Japão?
Em agosto, o The Economist publicou matéria intitulada “O Japão volta com tudo à guerra dos chips”, onde relata o desenvolvimento da empresa japonesa Rapidus, de Koike Atsuyoshi. A empresa adquiriu um sistema de litografia EUV da ASML há três anos e anunciou ter obtido sucesso em julho deste ano na produção de transistores de dois nanômetros, citada na matéria como “os chips mais finos e avançados até então”. A reportagem explica que o desenvolvimento da Rapidus faz parte de uma iniciativa do governo japonês para reinserir o país nesse mercado estratégico. Os investimentos estatais teriam girado em torno de 27 bilhões de dólares e envolvem ainda a atração de empresas estrangeiras como a TSMC. A matéria descreve a queda do Japão no mercado de semicondutores ao longo das últimas décadas:
“O Japão já dominou a indústria de semicondutores. Na década de 1980, as empresas japonesas detinham mais da metade do mercado global e uma parcela ainda maior dos chips de ponta da época. No entanto, as tensões comerciais com os Estados Unidos levaram a restrições às exportações japonesas de chips, criando uma oportunidade para concorrentes em Taiwan e na Coreia do Sul. As empresas japonesas também tiveram dificuldades para se adaptar a uma era de crescente especialização na produção de semicondutores. Embora algumas empresas japonesas mantivessem posições fortes no fornecimento de materiais e equipamentos necessários para a fabricação de semicondutores, desde produtos químicos para revestimento até os próprios wafers de silício, elas ficaram para trás na fabricação de ponta. Em 2019, o Japão representava menos de 10% do mercado mundial de semicondutores”.
A concentração de empresas e fábricas ligadas à cadeia de produção de semicondutores na ilha de Kyushu, terceira maior do Japão, já produziu o apelido de “Ilha do Silício”. Assim como nos Estados Unidos, o governo opera como “mão invisível do mercado”, direcionando e financiando essas empresas capitalistas estratégicas. A matéria do The Economist explica um pouco sobre as relações da empresa Rapidus, que tem poucos anos de existência e já aparece com enorme destaque na economia japonesa:
“Um novo ecossistema emergente está surgindo em torno da Rapidus. A empresa representa a aposta de maior risco e maior potencial de retorno do grupo. Fruto de uma parceria com a IBM , que desenvolveu um novo método para fabricar transistores de última geração, um tipo de componente eletrônico, a Rapidus espera superar uma geração da engenharia de semicondutores e alcançar os líderes globais do setor. A empresa atraiu investimentos de um consórcio de oito grandes empresas japonesas, incluindo Sony, Toyota e SoftBank. O governo também financiou grande parte do custo inicial, na ordem de ¥ 1,72 trilhão (US$ 12 bilhões) até o início de 2025”.
Nvidia Corporation, inimiga do progresso científico
A empresa norte-americana é atualmente a maior empresa de capital aberto do mundo, tendo seu valor avaliado na bolsa de valores no ano passado em cerca de 3,34 trilhões de dólares. Foi criada e ainda é presidida por Jensen Huang, taiuandês que emigrou para os Estados Unidos aos nove anos de idade. A grande chave para o valor da empresa tem sido seu arsenal de patentes, que garantem retorno para a empresa de diversas iniciativas na área da tecnologia, a exemplo do que a Microsoft fez décadas atrás com o sistema operacional Windows. Focada inicialmente no desenvolvimento de placas gráficas de alto desempenho para uso em jogos eletrônicos, a empresa passou a focar nas GPUs usadas nos processamentos chamados comumente de “inteligência artificial”. GPU é uma sigla em inglês para Unidade de Processamento Gráfico, um circuito eletrônico feito para acelerar o processamento de imagens e gráficos de computador, sendo usados numa ampla gama de dispositivos eletrônicos.
As possibilidades de uso das GPUs projetadas pela Nvidia foram ampliadas em 2007 com a criação da plataforma de softwares CUDA (sigla em inglês para Arquitetura de Dispositivos Unificados de Computação). Esse foi o “pulo do gato” que tornou a empresa essencial no mercado de IA, pois permitiu o uso das GPUs para tarefas como o treinamento de modelos de IA. Como publicado no blog de Bao Tran no site PatentPC sob o título “O portfólio de patentes que impulsiona as GPUs otimizadas para IA da Nvidia”:
“A Nvidia patenteou aspectos fundamentais do CUDA, incluindo sua arquitetura subjacente e métodos de manipulação de dados. Essas patentes não apenas protegeram a funcionalidade do CUDA, mas também reforçaram a posição da Nvidia como líder em computação em GPU”.
“O portfólio de patentes da Nvidia abrange uma ampla gama de tecnologias, garantindo que cada componente de suas GPUs otimizadas para IA permaneça proprietário. Essas patentes são cruciais para manter a vantagem da empresa em um setor altamente competitivo”.
“O portfólio de patentes da Nvidia não apenas protege suas inovações, como também cria barreiras significativas à entrada de concorrentes. Essas patentes proporcionam à Nvidia uma forte posição defensiva nos mercados de IA e GPUs, permitindo que a empresa se concentre na inovação contínua”.
Como colocado em tópico do site CanalTech, a Nvidia cria mas não produz. Através das patentes, ganha dinheiro com a produção feita por outras empresas: “Por não ter fábricas próprias, a companhia licencia seu design para outras fabricantes, que lançam GPUs com liberdade para algumas modificações. No entanto, a Nvidia ainda lança as unidades Founders Edition, que são os modelos de referência que carregam a marca da empresa”.
Um aspecto fundamental das patentes, diferentemente do que se propagandeia na imprensa burguesa, é que elas são uma barreira ao progresso tecnológico, sendo fundamentais dentro do sistema capitalista. A restrição das informações faz muito sentido na disputa econômica entre empresas, mas contrasta com o fluxo de desenvolvimento das tecnologias. Normalmente apresentadas como exemplo do sucesso do capitalismo, as inovações atuais são uma fração mínima do potencial de desenvolvimento da humanidade. Como denunciado no Diário Causa Operária em maio de 2021 durante a pandemia de Covid-10, a quebra das patentes das vacinas era imprescindível para salvar vidas:
“Para o imperialismo norte-americano, o apoio ou não da liberação das patentes já não trará maiores impactos para o país. Os Estados Unidos são o país que mais vacinou sua população, e isso se deve justamente ao fato de que o imperialismo detém em suas mãos grande parte da produção de vacinas mundial.
Dessa maneira, vacinas como Pfizer e AstraZeneca, assim como diversos insumos, foram monopolizados pelo imperialismo para garantir a vacinação de sua população e assim salvar a economia. Para os países atrasados restou a falta de vacinas e o genocídio. É do lado desta política criminosa contra o povo brasileiro que os golpistas se colocam.
O Brasil chegou ao ponto de, mesmo com quase 500 mil mortos (dados oficiais), não permitir a chegada da vacina russa, Sputnik, na defesa dos interesses norte-americanos.
A defesa das patentes é um crime contra a humanidade. Hoje o Brasil computa 2.500 mortes todos os dias. O número de casos, depois de uma diminuição ilusória, e em grande medida falsificada, não para de aumentar por todo o país. Hospitais de grandes centros urbanos, como São Paulo, já ultrapassam a marca de 85% de ocupação, e a classe trabalhadora, a mais afetada pelo genocídio, começa a organizar greves em várias categorias exigindo a vacinação da população”.
Como fica demonstrado no caso das vacinas, não se trata de uma prática exclusiva da Nvidia, mas cabe destacar que no cenário atual, o desenvolvimento de tecnologia de ponta está represado em grande medida pela empresa. Da mesma forma que as barreira impostas a ASML para exportar máquinas que usam a tecnologia EUV para a China atrasam esse desenvolvimento. O cenário atual, descrito por alguns analistas como “guerra dos chips” mostra como a burguesia imperialista está disposta a colocar fogo no mundo para impedir que o desenvolvimento tecnológico floresça em países que quer manter subjugados. Quem perde é o progresso, do qual a humanidade depende para melhorar suas condições de vida.
Referências:
Gary Marcus, “Scale Is All You Need” is dead, Marcus on AI, 8/12/2025.
Josh Anderson, I Went All-In on AI. The MIT Study Is Right., The Leadership Lighthouse, 22/10/2025.
Boom de IA é o maior delírio coletivo da história da humanidade, diz Miguel Nicolelis, Carta Capital, 24/11/2025.
After leaving Meta, French AI pioneer Yann LeCun will launch start-up in Paris, Le Monde, 6/12/2025.
OpenAI, Nvidia Fuel $1 Trillion AI Market With Web of Circular Deals, Bloomberg, 7/10/2025.
AMD Inks Chip Deal With OpenAI That Triggers Explosive Rally, Bloomberg, 6/10/2025.
Why Fears of a Trillion-Dollar AI Bubble Are Growing, Bloomberg, 24/11/2025.
Taiwan Invokes National Security Law to Protect TSMC Trade Secrets, The New York Times, 10/12/2025.
Intel’s Big Bet: Inside the Chipmaker’s Make-or-Break Factory, The New York Times, 9/10/2025.
Engineers From Taiwan Bolstered China’s Chip Industry. Now They’re Leaving., The New York Times, 16/11/2022.
‘The Eye of the Storm’: Taiwan Is Caught in a Great Game Over Microchips, The New York Times, 29/8/2022.
TSMC breaks ground on third facility in north Phoenix, Arizona’s Family, 29/4/2025.
Congress OKs bill to aid computer chip firms, counter China, Associated Press, 29/7/2022.
White House announces chipmaker Intel to give US government 10% stake, BBC, 22/8/2025.
Nvidia takes $5 billion stake in Intel, offers chip tech in new lifeline to struggling chipmaker, Reuters, 18/9/2025.
18,000 Reasons It’s So Hard to Build a Chip Factory in America, The New York Times, 4/12/2025.
Verantwoording onderzoek ASML-export naar China, NOS.
The Patent Portfolio Driving Nvidia’s AI-Optimized GPUs, Patent PC, 22/11/2025.
Japan storms back into the chip wars, The Economist, 21/8/2025.
EUV lithography systems, ASML.
O que é uma unidade de processamento gráfico (GPU)?, IBM.
É necessário lutar pela quebra das patentes, Diário Causa Operária, 23/5/2021.
Nvidia ultrapassa Apple e Microsoft e vira empresa mais valiosa do mundo, G1, 18/6/2024.
Nvidia, CanalTech.