Recessão mundial
Em 1974, todas as economias dos Estados capitalistas entraram em recessão pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Foi uma crise muito acentuada, muitas vezes confundida com a própria Crise do Petróleo de 1973-1974. No entanto, como vimos, tal crise foi apenas a expressão de uma decadência geral da política do imperialismo após a guerra, para salvar o sistema capitalista da extinção completa.
O salvamento do capitalismo mundial ocorreu com um crescimento artificial que já começou a ruir na década de 1960. Em 1974-1975, tal política foi completamente enterrada, com a recessão atingindo simultaneamente todas as grandes potências imperialistas.
As principais forças motrizes do período de “recuperação capitalista”, apontadas anteriormente, diminuíram, levando à estagnação econômica; a aplicação da política keynesiana acentuou extraordinariamente a inflação, corroendo a capacidade do mercado de escoar a produção capitalista – diante da corrosão do poder de compra da população; o sistema monetário internacional estava completamente abalado, levando ao fim da política de Bretton Woods; e a política agressiva do imperialismo com “Israel” levou ao boicote do fornecimento de petróleo pelos países árabes, aprofundando ainda mais a crise da economia capitalista internacional.
O dirigente do oportunista Secretariado Unificado da IV Internacional, Ernest Mandel, responsável pela tese revisionista do “Capitalismo Tardio” (supostamente uma nova etapa do capitalismo), levantou dados importantes sobre a recessão da época. Ele aponta que “no quarto trimestre de 1974, a produção industrial e o produto nacional bruto estavam em declínio em todos os grandes países imperialistas” (The Generalized Recession of the International Capitalist Economy, Ernest Mandel, Inprecor nº. 16/17, 16/1/1975).
Os dados apontam que a produção industrial no quarto trimestre de 1974 diminuiu 2,6% no Japão; 2,5% nos Estados Unidos; 1,5% no Reino Unido; 1,5% na Alemanha Ocidental; 1,2% na Itália; 1,0% na França; e 0,5% no Canadá (idem). Temos aqui os principais países imperialistas, com exceção dos países nórdicos (Noruega, Finlândia, Suécia, etc.) e países menores como a Suíça, a Áustria e a Bélgica.
“A situação da Noruega parece determinada pelo influxo excepcional de capital e projetos de investimento atraídos pelo petróleo do Mar do Norte. A da Finlândia depende de suas maiores exportações para as economias não capitalistas dos estados burocratizados dos trabalhadores. Portanto, esses dois países estão em melhor posição para escapar da recessão generalizada por razões não conjunturais” (idem).
“Na Suécia, Suíça e Áustria, por outro lado, lidamos com países cujo comércio exterior é superespecializado, seja em termos dos produtos exportados, seja em termos de orientação geográfica (a integração estreita da economia austríaca na economia alemã ocidental, por exemplo). Isso dá a esses países uma margem maior de manobra, desde que a recessão generalizada não dure muito tempo e que a economia alemã ocidental permaneça em melhor forma do que as outras grandes potências imperialistas” (idem).
Aliás, essa maior margem de manobra desses países foi o que permitiu que mantivessem por mais tempo seu Estado de bem-estar social, que hoje já está completamente adulterado e ameaçado de ser totalmente extinto. De qualquer forma, essas nações são apenas potências imperialistas secundárias. As citadas que tiveram queda na produção industrial (com exceção do Canadá, que também é secundário) formam a base da economia capitalista mundial e do imperialismo.
A redução na produção industrial foi acompanhada por um aumento ainda maior do desemprego, fenômeno que já ocorria durante a década de 1960, mas que se aprofundou durante a recessão. Em 1969-1971, havia 10 milhões de desempregados nos países imperialistas; no início do inverno de 1974-1975, o desemprego estava em cerca de 15 milhões. Os EUA tinham 7,5 milhões desempregados; na Itália, eram 1,5 milhão; 1 milhão no Japão; 1 milhão na Alemanha Ocidental; quase 1 milhão na França; quase 1 milhão no Reino Unido; 1 milhão nos pequenos países imperialistas da Europa, principalmente os países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), Dinamarca e Espanha; e 1 milhão no Canadá, Austrália e Nova Zelândia combinados (idem).
O crescimento significativamente maior do desemprego em relação à queda da produção ocorreu pela atividade industrial dos países imperialistas ter sido marcada pela introdução de técnicas de produção semiautomáticas ou automáticas, aumentando a produtividade e tornando menos necessário, para o capitalista, o emprego de mais mão de obra. Conforme apontou Engels, o “aperfeiçoamento da maquinaria, que a concorrência transforma num preceito imperativo para cada fabricante […] equivale a um afastamento cada dia maior de operários: exército industrial de reserva” (Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, 1880). Nas décadas de 1960 e 1970, esse exército industrial de reserva (desempregados) foi, principalmente, composto pelas mulheres, jovens e imigrantes incorporados à produção pelos países imperialistas durante a “recuperação” pós-guerra, assumindo os cargos mal remunerados e marginais.
Como a recessão na década de 1970 foi generalizada, isso impediu que os artifícios utilizados na década anterior, quando algum país sofria com uma queda na produção e na demanda interna, fossem utilizados. Na década de 1960, a recessão nos países afetados era compensada pela expansão das exportações para países não afetados pela crise, garantindo uma retomada da produção. No entanto, isso não era mais possível na recessão de 1974-1975, uma vez que todos os países, sincronizadamente, entraram em crise. A “recuperação” pós-guerra permitiu o crescimento de empresas multinacionais, uma concentração imperialista ainda maior, avançando na divisão internacional do trabalho entre todos os países imperialistas. Desta forma, as medidas “nacionais” para conter as crises poderiam ser apenas paliativas até que o sistema produtivo internacional, por completo, entrasse em colapso.
Como destacamos anteriormente, o principal método “nacional” para desacelerar as crises de superprodução após 1945 foi a expansão do crédito ao consumidor. Cada governo aplicava sua própria política de crédito, adaptando-a ao mercado mundial. No entanto, quando a inflação acelerou em todos os países imperialistas e o sistema monetário internacional entrou em colapso, forçando a adoção de taxas de câmbio flutuantes, os governos foram obrigados pela competição entre as potências a adotar políticas anti-inflacionárias simultaneamente.
Portanto, ao contrário daqueles que atribuem à Crise do Petróleo a recessão de 1974-1975, o que ocorreu foi uma típica crise de superprodução. “Um desenvolvimento inaudito das forças produtivas, excesso da oferta sobre a procura, superprodução, abarrotamento dos mercados, crise cada dez anos, círculo vicioso: superabundância, aqui, de meios de produção e de produtos e, ali, de operários sem trabalho e sem meios de vida”, diria Engels (idem).
A recessão foi antecedida por uma fase de declínio na taxa de lucro dos capitalistas e foi marcada pela subutilização da capacidade produtiva. Na Grã-Bretanha a taxa de lucro sobre os ativos líquidos de empresas industriais e comerciais foi de 7,0%, em 1955-1959, para 4,1% em 1970. Nos EUA, a taxa de lucro sobre o capital de empresas não financeiras foi de 8,3%, em 1961-1965, para 5,4% em 1973. Na Alemanha Ocidental, a renda bruta das empresas dividida pelos seus ativos líquidos diminuiu cerca de 20% entre 1960 e 1968 e 25% entre 1968 e 1973 (The Generalized Recession of the International Capitalist Economy, Ernest Mandel, Inprecor nº. 16/17, 16/1/1975).
A subutilização da capacidade produtiva foi principalmente marcante nos EUA. A produção nas indústrias manufatureiras passou de 92% (da capacidade) em 1966 para 78% no quarto trimestre de 1974 (idem). Lembrando que, em grande medida, essa mesma produção era desperdiçada com o suprimento do complexo industrial-militar, que nutria as guerras norte-americanas, as quais levavam a uma destruição gigantesca das forças produtivas mundiais. Isto é, que boa parte da produção servia às forças de destruição.
Fato importante sobre a recessão de 1974-1975 é que a inflação e os aumentos de preços persistiram durante um período de redução direta da atividade produtiva e de aumento do desemprego. Essa manutenção da inflação foi permitida pela política de três décadas de intervenção do Estado burguês na economia capitalista com práticas inflacionárias. A tendência inflacionária só seria contida na segunda metade da década de 1980, com a política de terra arrasada do neoliberalismo – quer dizer, com uma política de destruição das forças produtivas tão fatal quanto uma guerra.
De 1960-1965 ao terceiro trimestre de 1974, a inflação foi de 1,3% para 11,6% nos EUA; de 6,2% a 23,4% no Japão; de 3,6% a 17,0% na Grã-Bretanha; de 2,8% a 7,0% na Alemanha Ocidental; de 3,8% a 14,6% na França; e de 4,9% a 20,8% na Itália (idem).
“A inflação é nutrida pelos efeitos cumulativos de mais de três décadas de práticas inflacionárias. É amplificada pela especulação desenfreada de 1972-73 (em ouro, terra, construção, diamantes, jóias e obras de arte, e principalmente em matérias-primas, ou seja, todos os ‘valores reais’ e ‘valores de refúgio’ que se valorizam ainda mais à medida que o papel-moeda se deprecia). A inflação foi fortalecida pelos ‘preços controlados’ impostos pelos monopólios. Foi acentuada pelos colossais gastos militares que não cessaram de expandir e aos quais toda sociedade burguesa se acostumou. (É significativo que, com todas as inúmeras denúncias sobre ‘quem é responsável’ pela inflação, os 250 bilhões de dólares em gastos militares nos países capitalistas nunca são mencionados!) Mas a principal causa da inflação é incontestavelmente a inflação de crédito no setor privado, ou seja, os empréstimos bancários e o dinheiro fiduciário que serviram como principal suporte para o ‘boom’ anterior. A economia ocidental navegou em direção à expansão em um mar de dívidas cujos efeitos cumulativos aceleraram necessariamente a inflação” (idem. Grifado no original).
Em fins de 1974, a dívida pública dos EUA atingiu cerca de US$ 660,0 bilhões, enquanto a dívida privada atingiu cerca de US$ 2.000,0 bilhões – respectivamente, um pouco menos de 50% e mais de 150% do Produto Nacional Bruto (US$ 1.335,0 bilhões) do país (idem).
Em Detroit, centro da indústria automobilística norte-americana, o desemprego chegou a 25% no início de 1975. Na segunda metade de 1974, o número de novas unidades habitacionais construídas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos caiu quase 50% e a demanda por certos produtos petroquímicos caiu 20-30%. “Entre 1969 e 1972, cerca de 6 milhões de ações comuns em imóveis foram vendidas nos Estados Unidos. Elas agora perderam 70% de seu valor. Até uma empresa tão sólida quanto a Chase Manhattan Trust – apoiada pelo banco do mesmo nome, ou seja, pelo grupo Rockefeller – viu o valor de suas ações despencar de US$ 70 para US$ 4 cada uma” (idem).
O cenário era de terror, muitos bancos estavam ameaçados de falência, o que paralisaria totalmente o sistema financeiro internacional. Os grandes bancos tiveram que socorrer alguns dos pequenos para evitar isso. Em maio de 1975, a taxa de desemprego atingiu seu nível mais alto nos EUA desde a Grande Depressão na década de 1930, chegando a 9% (Bureau of Labor Statistics).
No Reino Unido, uma greve de milhares de mineiros contra a carestia, em dezembro de 1973, obrigou o primeiro-ministro conservador Edward Heath a instaurar a “Semana de Três Dias” (Three-Day Week). Foi uma medida para lidar com a escassez de carvão e, consequentemente, a redução na geração de energia elétrica. Essa medida envolveu a restrição do fornecimento de eletricidade para empresas e residências, limitando o fornecimento a apenas três dias por semana em determinadas áreas. Durante esses períodos de racionamento de energia, as empresas e indivíduos precisavam se adaptar a um cronograma restrito de fornecimento de eletricidade, o que impactou significativamente a produção industrial e o dia-a-dia. Os apagões de eletricidade eram generalizados em todo o país.
Na Suécia, houve uma gigantesca crise na indústria de construção naval, que se arrastou para a indústria siderúrgica da Suécia e devastou cidades portuárias como Malmo. A devastação era grande em todos os países imperialistas.
A classe operária entra em ação
Diante dessa situação, abre-se novamente uma etapa de crise revolucionária, a classe operária dos países imperialistas e atrasados entra em movimento no mundo inteiro, estendendo-se até meados da década de 1980. Poder-se-ia imaginar que, ao longo dessa crise, o Secretariado Unificado de Mandel – que colocou esses importantes dados sobre a recessão – teria aproveitado a situação para impulsionar o movimento revolucionário. Nada poderia estar mais errado. Ao contrário, a crise revolucionária desnudou completamente o caráter oportunista do mandelismo. Na década de 1960, já diante das mobilizações em países atrasados, os mandelistas se adaptaram à política pequeno-burguesa do foquismo. Na década de 1970, buscaram se integrar ao nacionalismo burguês. E, depois, diante da ofensiva neoliberal, adotaram a tese do “socialismo com democracia”, afrontando a ideia de ditadura do proletariado.
Os “trotskistas” do Secretariado Unificado adotaram, então, uma postura contrarrevolucionária, guiados pelos desvios oportunistas de Mandel. Por sua vez, o stalinismo – isto é, a burocracia soviética e seus PCs satélites – manteve sua política histórica contrarrevolucionária, atuando contra a mobilização revolucionária dos trabalhadores. Na década de 1970, portanto, aqueles que se autoproclamavam a vanguarda revolucionária da classe operária atuaram totalmente no sentido contrário da revolução, servindo como auxiliares do imperialismo contra a revolução.
A crise revolucionária causada pela recessão capitalista se apresentara anos antes, em fins da década de 1960, quando o sistema capitalista já dava sinais de crise internacional. O Maio de 1968 na França foi o elemento central dessa fase. Os estudantes franceses em Paris saíram às ruas contra o governo De Gaulle, em manifestações extremamente radicalizadas, que logo levaram a classe operária a entrar em cena. Um dos países essenciais do capitalismo mundial se encontrava numa crise de características revolucionárias. O stalinismo, no entanto, aproveitando-se de sua autoridade sobre os sindicatos e da confusão política das direções estudantis – anarquistas ou semi-anarquistas –, atuou em conjunto com o governo francês para derrotar a mobilização.
Na mesma época, nos EUA, estourou um grande movimento, principalmente de estudantes, contra a Guerra do Vietnã. O país era já um barril de pólvora. Na década de 1960, o imperialismo norte-americano viu explodir o movimento pelos direitos civis da população negra, que rapidamente se radicalizou, passando por Malcolm X até chegar ao Partido dos Panteras Negras – movimento que foi brutalmente reprimido pelo imperialismo norte-americano, com o assassinato e prisão dos líderes do movimento negro revolucionário.
Na Itália e em outros países europeus, o Maio de 1968 francês foi o causador de manifestações muito radicais da juventude. No Brasil, ocorre a mesma situação: o movimento estudantil se mobiliza na USP e a classe operária se mobiliza contra a inflação, levando à greve de Belo Horizonte e Contagem (MG), ao 1º de Maio na praça da Sé (SP) e à greve de Osasco (SP). Todos esses movimentos foram brutalmente reprimidos – seja pela “democracia” (como na Itália) ou pela ditadura (como no Brasil). O ano de 1968 foi repleto de mobilizações radicalizadas ao redor do mundo, expressando a gigantesca crise capitalista.
No Leste Europeu, onde estavam os satélites da União Soviética, as manifestações também ocorreram, contra a ditadura da burocracia e sua ineficiente política econômica. Durante a chamada “Guerra Fria”, a URSS aprofundaria as contradições entre a burocracia, que sugava a economia com seus privilégios e a política armamentista desenfreada, e os trabalhadores, em situação de vida cada vez pior. Em 1968, estoura na Checoslováquia uma mobilização de características revolucionárias, liderada por jovens estudantes e militantes, acompanhados por uma gigantesca massa de operários, que só será derrotada com a invasão do país pelas forças militares da URSS.
A polarização política era geral, obrigando os governos capitalistas, “democráticos” ou ditatoriais, e seus auxiliares soviéticos, a fecharem os regimes contra a mobilização. Foram os chamados “anos de chumbo”, que seguiram à derrota das mobilizações de 1968. No Brasil, surge o governo Médici e o AI-5, o momento mais repressor do regime militar. Na Alemanha, na Itália, na França, nos EUA e noutros países, os governos passam à política de aniquilação e aprisionamento dos “subversivos”. Pouco antes disso, ocorre um golpe militar pró-imperialista na Grécia em 1967, “contra o comunismo”. Em 1973, às vésperas da recessão mundial, golpes militares extremamente violentos, realizados pelos EUA, estabelecem ditaduras no Chile (Augusto Pinochet contra Salvador Allende) e no Uruguai (com apoio do presidente Juan María Bordaberry).
No entanto, diante da crise econômica, era impossível para o imperialismo impor seu regime de força no mundo inteiro. Como resultado direto da inflação e contra ela, a classe operária entrou em ação. No 1º de Maio de 1973, na Inglaterra, “aproximadamente 1,6 milhão de trabalhadores aderiram à convocação do Congresso Sindical para uma greve de um dia hoje em protesto contra a política de contenção salarial do governo e o aumento dos preços. As indústrias mais afetadas foram as ferrovias, fabricação de carros, produção de jornais, mineração e portos” (Thousands strike over pay and prices, BBC, 1/5/1973).
“Quase todos os serviços ferroviários foram interrompidos ou suspensos depois que a Associação de Maquinistas e Foguistas de Locomotivas (Aslef) parou de trabalhar. O muito maior Sindicato Nacional de Ferroviários havia votado contra a greve, mas seus membros não puderam operar serviços com seus colegas da Aslef” (idem). Isto é, nem mesmo os burocratas sindicais conseguiram impedir os operários de realizarem a greve.
Em dezembro desse ano, os mineiros ingleses chamariam nova greve, obrigando o governo conservador de Heath a adotar a já citada “Semana de Três Dias”, com racionamento de energia. A oferta de aumento salarial do governo foi rejeitada pelos mineiros. “Os trabalhadores reivindicam entre 30% e 35% de aumento salarial, mas a Junta Nacional do Carvão (estatal) oferece a eles somente 16,5% de reajuste” (1974: Mineiros de carvão no Reino Unido decidem fazer greve, Folha de S.Paulo, 9/2/2024).
Heath teve, então, de convocar uma eleição antecipada em 28 de fevereiro de 1974. Diante da crise dos dois partidos tradicionais, o Conservador e o Trabalhista, nenhum partido obteve maioria absoluta. Se instaurou uma crise no governo e o primeiro-ministro teve de renunciar no dia 4 de março. O trabalhista Harold Wilson chegou ao poder com um governo minoritário até que novas eleições em outubro dessem maioria aos trabalhistas por apenas três assentos.
Apesar da recessão ter acabado oficialmente em meados de 1975, a economia britânica permaneceu instável, com uma inflação muito alta e cerca de um milhão de desempregados. Em abril de 1976, assumiu o governo o trabalhista James Callaghan, que recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na tentativa de sanar o problema econômico do país. O governo trabalhista estava em crise diante da situação econômica e das mobilizações operárias e teve de formar uma coalizão com o Partido Liberal. Entre 1978 e 1979, ocorreu o “Inverno do Descontentamento”, com greves exigindo aumento salarial. O governo Callaghan acabou caindo em março de 1979 e, em maio daquele ano, os conservadores voltaram ao poder com Margaret Thatcher, que promoveu a política de choque neoliberal: aniquilação da indústria britânica, repressão brutal às greves, desmantelamento da assistência social, entre outros ataques que levariam à total derrota do movimento operário durante seus onze anos de governo.
(Continua em uma próxima edição…)