14.04.2023

Stálin, o grande organizador de derrotas

Há 70 anos, morria…

Juca Simonard

O coveiro da revolução proletária mundial foi o principal representante da contrarrevolução na URSS

O ex-chefe do antigo Estado operário da União Soviética (URSS), José Stálin, é alvo tanto de uma campanha imperialista que busca desmoralizar o “comunismo”, utilizando-se de suas atrocidades à frente do país, como de uma campanha mitológica divulgada por setores da esquerda pequeno-burguesa, que buscam apresentar o burocrata como um grande líder revolucionário. Os marxistas, no entanto, não concordam nem com a avaliação do imperialismo, que inventa um determinado e gigantesco número de mortes para compará-lo a Adolf Hitler, limpando a barra dos fascistas; nem com a caracterização dos filostalinistas de hoje, que inventam uma história fantasiosa, de que o líder da burocracia contra-revolucionária seria um grande dirigente marxista, além de um importante teórico, contrapondo-se, na prática, à verdadeira doutrina revolucionária: o marxismo, que, atualmente, só pode ser levado adiante pelos que seguem o caminho apontado pelo fundador do Exército Vermelho, Leon Trótski.

Um líder e um desconhecido

Uma parte da deturpação sobre o caráter revolucionário de Stálin tem origem no início de sua militância política. As biografias oficiais stalinistas, por muito tempo, falsificaram a história real de Koba (apelido inicial de José Vissarionovich Dzhugashvili), inclusive alterando os livros oficiais do Partido Bolchevique, para apresentar o jovem Stálin como um militante cheio de iniciativas, um líder nato e um leninista convicto. 

Nasceu em 18 de dezembro de 1878 na cidade de Gori, na Geórgia, então parte do Império Russo, onde havia uma grande variedade de grupos étnicos. De família humilde, José ingressou na igreja com objetivo de se tornar sacerdote, mas desiludido com o regime ditatorial dos monges, aderiu a ideias nacionalistas georgianas. Depois, participou de círculos operários ligados ao Mesame Dasi, iniciando suas atividades na social-democracia russa. No entanto, Stálin não teve nenhum papel dirigente no Cáucaso, mesmo com a eclosão do movimento operário na década de 1890 e a Revolução de 1905. “Em 1926, a comissão oficial sobre a história do Partido publicou uma edição revisada — isto é, adaptada à nova tendência pós-leninista — de materiais de base sobre o ano 1905. […] No índice alfabético, que incluía várias centenas de nomes, listando qualquer um que fosse de alguma forma proeminente durante os anos revolucionários, o nome de Stálin não apareceu nem uma vez; apenas Ivanovich é mencionado como alguém que compareceu à Conferência de Tammerfors do partido em dezembro de 1905. Notável é o fato de que, até 1926, o conselho editorial ainda ignorava o fato de que Ivanovich e Stálin eram a mesma pessoa”, explica Trótski em sua biografia sobre Stálin (Stálin, Leon Trótski, 1940). Assim, a primeira participação de Stálin em uma atividade política nacional do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) foi ao final de 1905, após o fim do ímpeto revolucionário. Sua primeira participação em um congresso foi na IVª edição, em abril de 1906, quando foi colocado em uma função sem importância, “em um dos comitês técnicos criados para saber como os delegados foram eleitos para o Congresso. Apesar de toda a sua insignificância, essa nomeação foi sintomática: Koba estava perfeitamente em seu elemento quando se tratava de tecnicalidades da máquina” (Idem).  No V Congresso do partido, em 1907, participou como observador, sem ser eleito delegado, e passou novamente despercebido. 

Menchevique entre bolcheviques

A partir de 1907, após o período de reação pós-Revolução de 1905, os bolcheviques adotaram as táticas de “expropriações” (assaltos a bancos, trens, etc.) para sustentar o partido e, apenas então, Stálin emergiu como um militante com um certo destaque, sabendo atuar clandestina e sorrateiramente. Ele, no entanto, só assumiu um cargo na direção partidária em 1912, quando houve uma divisão definitiva entre mencheviques e bolcheviques no POSDR. Stálin integra a direção executiva, assumindo funções que se limitavam à organização interna, mas, mesmo no aparato, comete erros políticos importantes. Sob seu comando em Petrogrado, o jornal partidário e os deputados bolcheviques na Duma (parlamento russo) apoiaram uma linha conciliadora com os mencheviques, motivo pelo qual foi afastado por Lênin. 

Retornando do exílio após a Revolução de Fevereiro, Stalin e Kamenev lideraram o Partido Bolchevique em Petrogrado, enquanto esperavam a volta de Lênin e outros dirigentes bolcheviques. Em oposição à política leninista, eles apoiaram o governo provisório e a continuação da guerra imperialista. “Todo o derrotismo”, explicou o Pravda, “ou melhor, o que a imprensa venal estigmatizou com esse nome sob a égide da censura czarista, morreu no momento em que o primeiro regimento revolucionário apareceu nas ruas de Petrogrado”. Apenas após a chegada de Lênin, Krupskaya e Zinoviev em abril de 1917, os bolcheviques tomaram uma posição correta sobre a revolução: contra o governo provisório e a burguesia liberal, Lênin exigiu a imediata retirada da Rússia da guerra mundial e “todo poder aos Sovietes” (Teses de Abril, Lênin, 1917). Apesar dos erros cometidos, Stálin é eleito para o comitê central do partido pela primeira vez em abril de 1917, assumindo uma posição de terceira categoria, auxiliando Yakov Sverdlov a orientar a facção bolchevique na hora das votações nos Sovietes.

Como representante do Comitê Central, durante as Jornadas de Julho, Stálin não seguiu as ordens do partido contrárias à tentativa de tomar o poder em Petrogrado, resultando em uma repressão violenta da manifestação. Isso aumentou o risco de uma derrota total da revolução, preparando o terreno para um golpe contra-revolucionário liderado pelo general Larv Kornilov. A reação foi evitada pelos bolcheviques em agosto, permitindo o retorno dos líderes ao poder e iniciando uma nova fase de ascensão das massas. Stálin foi novamente escanteado, sumindo da cena política até a Revolução de Outubro. “Em 1924, a Comissão de História do Partido publicou uma copiosa crônica da revolução em vários volumes. As 422 páginas do quarto volume, que tratam de agosto e setembro, registram todos os acontecimentos, ocorrências, brigas, resoluções, discursos, artigos de qualquer forma dignos de nota. […] O nome de Stálin não está sequer no índice de aproximadamente 500 nomes próprios”. (Stálin, Leon Trótski, 1940). Ainda, ele esteve ausente seis vezes de 24 sessões do Comitê Central em agosto, setembro e na primeira semana de outubro e também na sessão do Comitê Central que definiu as coordenadas para a tomada do poder pelos bolcheviques. “Todas as decisões mais importantes sobre a condução da insurreição foram tomadas sem Stálin, sem a menor participação indireta dele. Quando os papéis foram atribuídos aos vários atores daquele drama, ninguém mencionou Stálin ou propôs qualquer tipo de nomeação para ele. Ele simplesmente saiu do jogo”, conta Trótski.

Após a implementação do governo bolchevique, Stálin falhou em resolver conflitos entre armênios e azerbaijanos como Comissário do Povo para as Nacionalidades. Durante a Guerra Civil, foi incumbido apenas de tarefas táticas menores. Ele criticou o autoritarismo de Trótski, Comissário de Guerra e líder do Exército Vermelho, que instaurou uma ditadura para combater as forças reacionárias; fez parte do grupo que era contrário à incorporação de oficiais do czarismo no Exército Vermelho; em sua campanha contra Trótski, ignorou ordens e ameaçou renunciar repetidamente quando confrontado, recebendo uma reprimenda de Lênin no VIII Congresso do partido, por utilizar táticas que resultaram em muitas mortes de soldados do Exército Vermelho. Quando finalmente pediu demissão do comando militar, o pedido foi aceito pelo partido.

A situação caótica em que ficou a União Soviética após a Guerra Civil, levou Lênin a permitir uma pequena economia capitalista dentro da Rússia através da Nova Política Econômica (NEP), para combater a crise econômica pós-guerra. Ele apontou Stálin como Secretário-Geral do partido, uma posição política com poucos poderes de Estado e que servia apenas para administração interna do partido. Ao lado de Zinoviev e Kamenev, que queriam acabar com a influência de Trótski no regime soviético, Stálin se apoiou no seu cargo para fortalecer uma burocracia que começava a se misturar com o próprio Estado soviético. A “Troika”, como foi chamada a aliança, explorou divergências secundárias entre Lenin e o organizador da insurreição proletária de 1917, enquanto o líder do Partido Bolchevique estava doente, afastado da liderança partidária. Na morte de Lênin, a Troika intensificou a campanha de difamação contra Trótski e censurou seu testamento, que denunciava Stálin pela burocratização do partido e do Estado.

O grande organizador de derrotas

Apoiando-se na classe capitalista (nepistas); na grande burocracia do Estado operário; no período contra-revolucionário após a derrota da Revolução Alemã de 1923; na aniquilação de uma parte da vanguarda durante a Guerra Civil; e em uma política de intrigas e de bastidores; Stálin promoveu uma contra-revolução no Estado operário e tornou onipotente o papel do Secretário-Geral do Partido Comunista, algo que ficaria até o fim da URSS. No XII Congresso, os cargos foram colocados sob o controle de pessoas de sua confiança. O mesmo aconteceu na III Internacional, criada pelos bolcheviques para impulsionar a revolução mundial. Velhos pelegos que decidiram se aliar a Stálin passaram a ocupar cargos essenciais.

Simultaneamente, Trótski fundou a Oposição de Esquerda, que denunciou a manutenção da NEP pelo stalinismo, apontando que era uma proposta transitória de Lenin e que as bases para começar uma política de industrialização no país já estavam colocadas. A oposição denunciava que, caso a industrialização não ocorresse, aumentaria a disparidade entre o campo, que estava enriquecendo e gerando uma forte classe capitalista proprietária, e a cidade, empobrecida. O stalinismo, por sua vez, apoiava a política de enriquecimento dos camponeses, uma classe proprietária e, portanto, reacionária, como ficaria demonstrado no final da década de 1920.

Em 1924, a Troika se desfaz. Stálin, já muito poderoso, isola também Zinoviev e Kamenev, que lideravam o partido nas duas principais cidades (Petrogrado e Moscou) e formam a Nova Oposição. Em 1925, a política difamatória da burocracia dá frutos, com a exclusão de Trótski do comando do Exército Vermelho. Em 1926, a Nova Oposição se une à Oposição de Esquerda, formando a Oposição Unificada.

A burocracia abandona o ideal internacionalista do marxismo para apoiar a tese do “socialismo em um só país” e a tese menchevique de “revolução por etapas” — que serviam, na realidade, para defender os interesses da burocracia em detrimento da revolução proletária. Em 1926, Stálin coloca o Partido Comunista Chinês sob o controle do Kuomintang, partido nacionalista liderado pelo general reacionário Chang Kai-Shek, que, no ano seguinte, trai a Revolução Chinesa e assassina os comunistas, promovendo um dos maiores banhos de sangue da história. Stálin também trai o movimento operário inglês, colocando os revolucionários a reboque da burocracia sindical pelega na Greve Geral de 1926 — impedindo assim a revolução proletária em um país imperialista, central do capitalismo internacional. Ainda em 1923, a burocracia havia negado o pedido de enviar Trótski para a Alemanha para organizar a tomada do poder pelos revolucionários. 

Após a consolidação da contra-revolução e as diversas derrotas do movimento operário organizadas por Stálin (que, por isso, foi chamado de “o grande organizador de derrotas” por Trótski), este decide aumentar a ofensiva contra os dirigentes bolcheviques que lideraram a Revolução de 1917. Trótski é expulso do Comitê Central do partido em 1927. No XV Congresso, a burocracia realiza um expurgo contra os membros da Oposição. Este processo ocorre a nível internacional, com expurgos nos partidos filiados à III Internacional, através de um gigantesco processo de calúnias, difamações, censura e perseguições. Stálin obriga antigos militantes que capitularam — como Zinoviev, Kamenev, entre outros — a “admitir” que Trótski era um agente do imperialismo, fazendo-o ser exilado e, em seguida, expulso do país. O organizador da insurreição de 1917 foi forçado viver como um nômade, ao redor do mundo, sempre perseguido pelo stalinismo e pela burguesia.

Diante da crescente força dos camponeses ricos no país e das distorções econômicas causadas por um campo rico, cidades pobres e indústria incapaz de atender a demanda interna, Stálin é obrigado a realizar um programa de industrialização. Esta tarefa, no entanto, ocorre através da desastrosa coletivização forçada, reprimindo brutalmente os opositores, que passam a boicotar o governo, sabotando as plantações e escondendo alimentos, para especular e fragilizar a União Soviética, causando uma fome gigantesca no país.

A contra-revolução stalinista também aparece nas formas jurídicas da União Soviética; a burocracia criminalizou a homossexualidade; proibiu o aborto e destruiu diversas outras conquistas inéditas das mulheres após a revolução; acabou com a liberdade de expressão; instaurou um regime de exploração e abusivo contra operários na fábrica; entre outras medidas.

O falso caçador de nazistas

A ideia propagandeada pelos stalinistas de que Stálin foi um grande combatente contra o fascismo também não poderia estar mais errada. Na Alemanha, a burocracia stalinista se negou a unificar a classe operária contra o Nazismo. Stálin, ao contrário, promoveu a divisão entre os trabalhadores através da política do “Terceiro Período”, no qual se apontava que a social-democracia era, na verdade, “social-fascista”. A omissão dos “comunistas” — que, pior, até participaram de manifestações nazistas — permitiu a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha em 1933, promovendo uma ditadura implacável contra a classe operária e o povo. O completo fracasso dos “comunistas” levou Trótski, que até então buscava realizar uma oposição interna na III Internacional, a romper definitivamente com a organização.

Após a derrota, a popularidade do stalinismo e dos partidos comunistas decaíram exponencialmente. A burocracia, em seus habituais zigue-zagues, mudou totalmente de direção e iniciou uma política de frente popular, colocando os trabalhadores a reboque das burguesias nacionais, formando governos de coalizão com estas. O desastre promovido pelas frentes populares foram melhores expressas na França e na Espanha em 1936. Embora os trabalhadores tenham se armado e realizado mobilizações de características revolucionárias contra o regime republicano e o golpe fascista liderado por Francisco Franco, o governo da Frente Popular Espanhola desarmou os operários e cometeu uma série de erros que culminaram na vitória dos franquistas em 1939. O regime ditatorial de Franco permaneceu no poder até 1975. Na França, em 1936, o stalinismo desviou uma greve geral com características revolucionárias para a política eleitoral, enquanto o Partido Comunista se aliou aos socialistas e ao Partido Radical, acabando com a mobilização dos trabalhadores e impedindo a classe operária de tomar o poder. Quatro anos depois, a burguesia francesa, salva pelo stalinismo, permitiu a invasão de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial e estabeleceu um regime fantoche e ditatorial no país.

Após o fracasso da política de aliança com a burguesia “democrática”, a burocracia soviética se aliou à Alemanha Nazista com o acordo Molotov-Ribbentrop, um pacto de não-agressão e de compartilhamento de regiões importantes ao entorno da URSS. Os dois países invadem a Polônia. Com o fechamento do Pacto Tripartite, que consolidou a aliança entre Alemanha, Itália e Japão, Stálin chegou a propor a inclusão da União Soviética nas forças do Eixo. Após ser avisado diversas vezes pelos espiões soviéticos de que Hitler estava se preparando para invadir a União Soviética, Stálin nada fez para proteger as fronteiras do país, permitindo que os nazistas invadissem o país e controlassem uma boa parte da região, chegando próximo a Moscou. A política descuidada de Stálin levou à morte de milhões de soviéticos, entre civis e soldados.

Na verdade, Stálin não era um caçador de nazistas, mas de comunistas. Internamente, na década de 1930, a burocracia aprofundou a intensa ditadura contra o povo, com tortura, prisões e julgamentos farsescos. Stálin inicia uma série de processos de deportações e exílios no sentido de destruir as facções contrárias a ele no partido. Em 1934, ele executa operários da Fábrica Metalúrgica Stálin acusados, de forma arbitrária, de serem espiões japoneses. No final deste ano, Sergei Kirov, membro do Comitê Central e político extremamente popular, é assassinado no Instituto Smolny, em Leningrado. Kirov era visto como sucessor natural de Stálin. Por isso, Trótski levantou a suspeita de ter sido o próprio Stálin que mandou matá-lo. A morte do dirigente soviético foi usada para aprofundar a perseguição política contra a velha guarda bolchevique. Em 1936, os Processos de Moscou prenderam e mataram milhares de militantes do partido, sendo os alvos principais os dirigentes antigos como Kamenev, Zinoviev, Bukharin, Rykov, entre outros. O Grande Expurgo ocorreu até o final a Segunda Guerra Mundial, atingindo as Forças Armadas às vésperas da invasão nazista. Com exceção de Trótski e Alexandra Kollontai (que havia se afastado da política), todos os dirigentes bolcheviques da Revolução de Outubro que ainda não haviam morrido, foram assassinados pela camarilha stalinista — não sem antes “admitirem” serem espiões nazistas, agentes do imperialismo, etc. O último alvo, Trótski, foi assassinado em 1940, no México. As famílias destes dirigentes, inclusive pessoas que nada tinham a ver com política, também foram executadas, presas e perseguidas pela ditadura da burocracia.

A frente contra-revolucionária

Com o fim do pacto com Hitler, Stálin se volta ao imperialismo “democrático”: a Inglaterra, de Winston Churchill, e os Estados Unidos, de Franklin Roosevelt. Em toda a Europa, uma intensa mobilização popular armada (Partisans) começa a combater os ocupantes nazistas. Na URSS, o povo armado, ao lado de generais muito experientes, como Jorge Zhukov, inicia uma contra-ofensiva contra os alemães. Todos os grandes feitos dos soviéticos contra Hitler depois foram atribuídos falsamente a Stálin — que, após a guerra, aproveitou para escantear todos os líderes responsáveis pela repulsão dos nazistas, Zhukov incluso. Ao fim da guerra, em 1945, Stálin se reúne com seus parceiros imperialistas e, nas conferências de Teerã, Ialta e Potsdam, prepara uma política contra-revolucionária, dividindo a Europa sob áreas de influências. Em um duro ataque contra a classe operária alemã, a Alemanha é dividida. Stálin ainda ajuda a enterrar todas as mobilizações revolucionárias decorrentes da luta armada contra os nazistas. Na França e na Itália, o stalinismo desarma os trabalhadores e monta governos de coalizões com a burguesia conservadora e fascista. No Leste Europeu, nos países ocupados pelo Exército Vermelho, o stalinismo faz um acordo para não expropriar as burguesias locais, formando as chamadas ‘democracias populares’. Na Grécia, a revolução se expandiu até mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, e o stalinismo atuou no sentido de, com as forças imperialistas, derrotar a mobilização revolucionária. Algumas revoluções, porém, foram vitoriosas, como na Iugoslávia e na Albânia, onde os guerrilheiros não cederam às pressões da burocracia.

A aliança com o imperialismo “democrático” acabou no final da década de 1940, com a chamada “guerra fria”. Ao redor do mundo, o processo revolucionário causado pela guerra continuou e saiu vitorioso em alguns locais. No Vietnã, as tropas lideradas por Ho Chi Minh expulsam o governo francês do General de Gaulle (e dos comunistas); na Índia, gigantescas mobilizações populares tomam conta do país contra a dominação da Inglaterra. O fenômeno mais importante, entretanto, é a vitória da Revolução Chinesa, em 1949. Apesar da política capituladora de Stálin, o movimento liderado por Mao Tse-Tung toma o poder. A vitória na China deu fôlego à luta revolucionária na Coreia, que só terminaria após a morte de Stálin. No entanto, nenhuma dessas revoluções teve apoio da União Soviética, que ficou praticamente omissa. 

Em março de 1953, Stálin estava com a saúde debilitada e teve uma hemorragia cerebral, sendo encontrado morto no chão de seu quarto. Seu maior mérito foi de ter sido o maior coveiro da revolução proletária mundial. A sua contra-revolução na URSS manteve no poder — mesmo após sua morte — uma burocracia reacionária que caiu de podre em 1991, destruindo o primeiro Estado operário da história.

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